Quer Pipoca?: julho 2012

24 de julho de 2012

AcQuária (2003)

(AcQuária) Brasil, 2003
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No futuro, quando as reservas naturais se esgotarem, o bem mais precioso será a água. O cenário de AcQuária é a Terra daqui a centenas de anos, depois de passar pela devastação ambiental provocada pelo homem. O planeta se tornou um grande deserto, e sobreviver tornou-se um desafio. Kim (Junior) é um jovem sonhador que sonha em fazer sucesso com suas músicas, assim como seu pai. Ele mora com Gaspar (Emílio Orciollo Netto), um homem cuja maior preocupação é garantir que a falta d'água não os leve à morte, e o pequeno Guili (Igor Rudolf), um garoto que foi abandonado pelos pais quando bebê e desde então vive com a dupla. Seu fiel escudeiro é Mingus, um cãozinho que o acompanha por toda a parte. Tudo estava em harmonia até a chegada de Sarah (Sandy), uma misteriosa mulher que viu seus pais serem assassinados por um bando de saqueadores quando ainda era uma criança. Encontrada por Kim à beira da morte no deserto, ela passa a morar com eles e um clima tenso surge entre a jovem e Gaspar. A partir daí, a trama gira em torno da convivência entre Sarah, Kim, Gaspar e Guili e a luta pela sobrevivência em condições tão hostis.
Fonte: Sobrecarga



CRÍTICA
Fotografia e figurino dão gás à ficção científica nacional

Um mundo apocalíptico onde tudo é areia e a água é escassa por causa das ações do homem. Um filme nacional com essa sinopse soa um tanto pretensioso e forçado, levando em conta que uma dupla de cantores são os protagonistas. Mas bastam os primeiros minutos para entender que o dinheiro de um dos maiores investimentos em cinema no Brasil foi bem gasto. Os efeitos visuais são bem feitos (com exceção de um ou outro, como o lagarto de duas cabeças que não deixa rastros na areia) e não saltam aos olhos, destoando do restante.

Tecnicamente, o filme é muito bom. Fotografia e figurino são elementos que merecem menção, nos levando para longe dos palcos e clipes onde Sandy e Junior estavam costumados a atuar. Aliás, a atuação de Sandy é uma boa surpresa, mesmo com alguns deslizes. Infelizmente, o mesmo não pode-se dizer de seu irmão na tela. Kim, personagem de D.L. Junior (como assina nos créditos) soa forçado na maior parte do tempo. Sarah, interpretada por Sandy (agora Leah) e Guili, que ganha vida pelo pequeno Igor Rudolf, seguram a maior parte do longa. Enquanto ela tem maior expressão nas cenas dramáticas, ele é responsável pela comédia, auxiliado por um cachorrinho bem treinado e por sua interação, principalmente, com Gaspar (Emílio Orciollo Neto). Num geral, as atuações são bastante razoáveis e os deslizes não chegam a interferir no andamento.

Num trabalho desse tipo, é preocupante a ideia de que uma boa história possa ser estragada por cenas onde toda a ação pára para que os protagonistas cantem uma música, mas a boa nova é que a música existe sim, mas ela é inserida de modo orgânico à narrativa, o que é um ponto positivo do roteiro. Mas é o roteiro que acaba sendo o empecilho para o desenvolvimento. A introdução se estende por muito tempo, o miolo roda em círculos para que o clímax tenha um desfecho muito corrido. Ainda assim, é corajoso ao criar um mundo totalmente novo, com conceitos, objetos, criaturas e nomes totalmente inventados para que ele seja composto. Além disso, inclui sacadas escondidas para olhos não tão atentos, como uma partitura velha de uma música dos Bales, que com o "e" e o "t" que o tempo rasgou do papel, nos remete a "Blackbird" dos Beatles.

A trilha sonora, além das pequenas e rápidas incursões no repertório de Sandy e Junior e de contar com uma música da banda Shaman para a abertura, é bem coerente durante todo o filme, apesar de que muitos momentos foram deixados mais leves, provavelmente por se tratar de um filme popular para a família, e que ficariam muito mais interessantes com uma trilha mais seca e pesada. Todos esses elementos nos ajudam a crer que a Sarah é uma mulher misteriosa, guerreira e sensual. Só lembramos que ela é a Sandy na cena em que toma banho nua. É uma cena muito bonita, sutil, sem nudez explícita e nem um pouco vulgar, mas ainda assim, é uma cena de banho com a Sandy ali, nua e se insinuando. AcQuária é cheio de momentos desse tipo, sutis e delicados, bem dirigidos por Flávia Moraes, em seu primeiro longa.

Por não parecer brasileiro, o filme é inevitavelmente comparado com os primos de ficção científica norte-americanos, e nessa comparação, a aventura verde e amarela perde, até mesmo em orçamento, alto para o padrão nacional. Mas se levarmos em conta que era um filme que tinha tudo pra dar errrado (cantores protagonistas, Globo Filmes trazendo o risco de uma novela na telona, diretora estreante, efeitos visuais complexos para serem feitos sem precedentes no país), AcQuária se saiu muito bem. Não é um filme para crianças e nem somente para fãs. Bom entretenimento para a família e, porque não, um passo importante para o cinema nacional, já que não temos muitos representantes para o gênero por aqui.


23 de julho de 2012

A Era do Gelo 4 (2012)

(Ice Age 4) Estados Unidos, 2012
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Sempre em busca de sua cobiçada noz, o esquilo Scrat provoca, sem querer, a separação dos continentes. A situação provoca mudanças no terreno de vários locais, entre eles onde os amigos Manny (Ray Romano/Diego Vilela), Diego (Denis Leary/Márcio Garcia) e Siid (John Leguizamo/Tadeu Mello) estão alojados. Um terremoto faz com que o trio fique preso em um iceberg, enquanto que Ellie (Queen Latifah/Carla Pompílio) e a pequena Amora (Keke Palmer/Bruna Laynes) permanecem no continente. Em alto mar, Manny promete que irá encontrá-las a qualquer custo, mas para tanto precisará enfrentar perigosos piratas e o canto das sereias.
Fonte: AdoroCinema



22 de julho de 2012

O Espetacular Homem-Aranha (2012)

(The Amazing Spider-Man) Estados Unidos, 2012
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Peter Parker (Andrew Garfield) é um rapaz tímido e estudioso, que inicou há pouco tempo um namoro com a bela Gwen Stacy (Emma Stone), sua colega de colégio. Ele vive com os tios, May (Sally Field) e Ben (Martin Sheen), desde que foi deixado pelos pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Certo dia, o jovem encontra uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai. O artefato faz com que visite o laboratório do dr. Curt Connors (Rhys Ifans) na Oscorp. Parker está em busca de respostas sobre o que aconteceu com os pais, só que acaba entrando em rota de colisão com o perigoso alter-ego de Connors, o vilão Lagarto.
Fonte: Adoro Cinema



CRÍTICA
Um Aranha rejuvenescido e com mais personalidade

Peter Parker sempre foi um garoto nerd atrapalhado, mas nunca bocó ou covarde. E essa é a grande lição de Andrew Garfield, o Homem-Aranha da nova franquia sobre Tobey Maguire, seu antecessor. Muito mais à vontade e convincente no papel do aracnídeo, Andrew parece se divertir ao dar vida ao jovem Peter e esse bom-humor, mesmo com o sofrimento que o levou a assumir a identidade mascarada, é a marca registrada do heroi da Marvel. A escolha do garoto magricela e desengonçado traz a série pra um plano mais real e crível. E isso deu um fôlego muito bem-vindo.

Esse realismo se estende para outras personagens, como Gwen Stacy, interpretada por Emma Stone (preferível à mocinha indefesa Mary Jane) ou o Tio Ben, que ganha vida através de Martin Sheen. Ainda no elenco, uma boa surpresa foi Sally Field, no papel de Tia May, que conseguiu driblar tanto sua belíssima antecessora Rosemary Harris quanto seu rosto marcado em "Uma babá quase perfeita". Já a baixa fica por conta de Rhys Ifans, que fica melhor na pele de Xenofílio Lovegood ("Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1") do que na pele do Lagarto, Dr. Curt Connors, arqui-inimigo do Aranha.

Com o roteiro marcado por boas sacadas, o filme só peca por exageros pontuais que faz o espectador usar a velha afirmação "é só um filme mesmo..." para desculpar os furos que trazem, por exemplo, diversos guindastes de construções perfeitamente alinhados por uma rua que nosso heroi precisa percorrer com suas teias e servindo de apoio para ele. Mas mesmo assim, ele tenta se justificar, com cenas de outras partes do longa.

Os efeitos visuais, visivelmente pensados para 3D, também não desapontam e dão o clima de blockbuster hollywoodiano que a estreia de Marc Webb na direção de filmes desse porte pedia. O novo figurino do Aranha também é mais moderno e atualizam a série de sucesso que dominou os cinemas entre 2002 e 2007. Ainda assim, é um filme de personagens e isso trouxe mais riqueza às atuações.

O mais legal desse novo Homem-Aranha é pensar que é totalmente plausível que ele integre a equipe de herois num segundo volume de "Os Vingadores", já que nos quadrinhos ele, assim como Wolverine, passam a fazer parte desse time. Obviamente, aí entra o empecilho de mercado da Sony ser detentora dos direitos do "cabeça de teia" nas telonas. Mas os fãs devem concordar que seria o nirvana ver Peter Parker e Logan junto com Hulk, Homem de Ferro, Capitão América e Thor batalhando pelo bem da humanidade. Enquanto isso, a nova franquia com Andrew Garfield (que também manifestou interesse em participar d'Os Vingadores), começa a ver seu retorno financeiro e já tem confirmada uma sequência. Aos fãs, resta pular de prédio em prédio e ver em qual teia irão parar.


13 de julho de 2012

Três Vezes Amor (2008)

(Definitely, Maybe) Estados Unidos / França, 2008
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O Assesor político Will Hayes (Ryan Reynolds) vive em Mahattan com sua curiosa filha Maya que, mesmo com o seus inexperientes 10 anos de vida, resolve questioná-lo a respeito da sua vida amorosa. O momento para jogar o pai contra a parede não poderia ser mais propício: ele está se divorciando e quer reavaliar a vida. E Maya insiste em saber detalhadamente como os pais se conheceram e se apaixonaram. Will não se sente nem um pouco intimidado e começa a descrever três de seus relacionametos passados, dando detalhes de cada umas das mulheres. Mas, propositalmente, ele troca os nomes dessafiando a filha a descobrir com qual ele se casou. À medida que Maya começa a juntar as peças desse verdadeiro quebra-cabeça, ela ajuda o pai a entender que existe a possibilidade de um final feliz. Mesmo assim aprende que o amor não é tão simples quanto parece.
Fonte: Interfilmes



9 de julho de 2012

Para Roma Com Amor (2012)

(To Rome With Love) Estados Unidos / Itália / Espanha, 2012
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O longa é dividido em quatro segmentos. Em um deles, um casal americano (Woody Allen e Judy Davis) viajam para Roma para conhecer a família do noivo de sua filha. Outra história envolve Leopoldo (Roberto Benigni), um homem comum que é confundido com uma estrela de cinema. Um terceiro episódio retrata um arquiteto da Califórnia (Alec Baldwin) que visita a Itália com um grupo de amigos. Por último, temos dois jovens recém-casados que se perdem pelas confusas ruas de Roma.
Fonte: Adoro Cinema



CRÍTICA
Novela brasileira bem-feita por norte-americanos na Itália

O novo filme de Woody Allen chegou com uma missão dupla: surpreender por si só e superar "Meia-Noite em Paris", que não passou de "divertidinho. E não é que a cidade italiana tem muito mais charme do que a capital francesa? "Para Roma Com Amor", além de mostrar belas imagens da cidade fora do eixo turístico, traz quatro complexos e belíssimos enredos diferentes, que marcam bem a mistura de sensações, linguagem e elementos italianos e norte-americanos e tudo que os compõe.

O clima histórico da Itália expresso em pequenas vielas, arquitetura característica impõe o clima romântico que permeia os olhares das personagens sobre a cidade. Mas como outros filmes que também vêm da terra do tio Sam, despontam diversos "americanismos"aqui e ali, e esse choque traz divertidos momentos como a viagem de avião da personagem representada pelo próprio Woody Allen. Ele, aliás, é um tempero essencial para que essa massa seja "buona da mangiare". Em alguns momentos, Allen parece ter se inspirado em Roberto Gomes Bolaños e o humor ingênuo de seu Chaves, utilizando pitadas de humor pastelão no meio de outras sacadas mais adultas.

São tantas histórias entrelaçadas que fica difícil de definir exatamente a mensagem que o filme quer trazer, um pouco mais como as novelas brasileiras do que como filmes hollywoodianos. E quando ele termina, o sentimento também é de último capítulo de novela; mesmo imaginando o que pode acontecer com cada personagem, o público anseia por ver os desfechos individuais e ainda se surpreende com alguns deles. Mas no final desse longa, o título faz mais sentido por ter menos pretensão que os dos folhetins nacionais. "Para Roma Com Amor"não passa de uma declaração de amor à Roma e suas histórias, e nem por isso deixa de ser bom.

A novela: uma turista norte-americana esbarra em um italiano em um dia comum, eles se apaixonam e resolvem ficar juntos, mas são a desculpa para unir os pais (um produtor musical frustrado, uma psiquiatra, uma dona de casa e um agente funerário que é um ótimo cantor de ópera de chuveiro). Um famoso arquiteto encontra, em suas férias pela Itália, um jovem estudante de arquitetura e admirador de seu trabalho que mora na mesma casa que ele mesmo morou anos antes. O jovem e sua namorada recebem uma sedutora amiga dela em sua casa. O arquiteto serve de guru amoroso e camarada mais velho para que o jovem não se envolva com essa tentação em forma de mulher. Um casal vem de uma cidadezinha da Itália para um encontro em Roma, que pode garantir um emprego ao rapaz e a estadia de ambos na cidade. Ao sair para procurar um cabeleireiro, a moça se perde e acaba se envolvendo com estrelas de cinema. Já o rapaz, que era esperado por seus tios para o encontro, é encontrado de cueca no quarto com uma prostituta que o confundiu com um cliente e isso os obrigam a fingir serem um casal. Um cidadão italiano comum é confundido com um astro de cinema e vê sua vida e de sua família virar de cabeça pra baixo, sendo obrigado a despistar paparazzi e dar entrevistas sem sentido ou conteúdo a todo momento.

Sob toda esfera divertida, também são questionados (mas ainda de maneira leve) alguns valores da sociedade atual, como a criação de celebridades, a traição, o envolvimento e desprendimento, o fracasso, o talento escondido, o amor por acaso... Um mix cultural que talvez só Roma possa proporcionar. Uma Roma para ser apreciada a dois.

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