Quer Pipoca?: 2014

20 de junho de 2014

Cabo do Medo: de Niro Apavorante em Terror de Scorcese

(Cape Fear) EUA, 1991



Ex-detento persegue seu antigo advogado em busca de vingança pela sua prisão 14 anos antes. O jogo psicológico afetará toda a família de sua vítima.



Medooooo! Não tem pra ninguém quando se trata de Robert de Niro em Cabo do Medo. Remake do filme homônimo de 1962, esta história assombrosa consegue deixar qualquer um noiado por um bom tempo.

No filme, um ex-detento (de Niro) começa a ameaçar seu advogado (Nick Nolte) após 14 anos na prisão. História direta ao ponto: você me ferrou, eu sou um psicopata, você vai morrer. E olha, mais forte que distribuir facadas e tiros, Max Cady, personagem do de Niro, aterroriza aos poucos a família de seu advogado, de uma rápida aparição no portão de casa, a uma perseguição violenta dentro de casa, o personagem vai transtornando suas vítimas e mirando nas fraquezas e fragilidades da casa para, então, armar seu ato final de vingança. 

"I can out-learn you. I can out-read you. I can out-think you.
And I can out-philosophize you. And I'm gonna outlast you." Max Cady.

E que obra cheia de cenas memoráveis. Desde a saída de Max da prisão, cercada de relâmpagos e clima demoníaco, o filme lança mão de pequenos excessos para provocar o espectador e encher de bala na agulha para o final apavorante. Alguns momentos chegam a ser desesperadores. Prepare-se para nunca mais olhar um ursinho de pelúcia da mesma forma. Além disso, Juliette Lewis se destaca no papel da filha do advogado, Danielle, papel que a deu uma indicação ao Oscar de atriz coadjuvante aos 18 anos. Só a cena do encontro de Danielle com Max Cady no teatro da escola é um poço de tensão, com excelentes diálogos e a polêmica interação entre os dois personagens. Afinal, filme de terror não precisa ficar soltando estrondos nem sustos para travar a respiração da plateia. Outro destaque também fica para Jessica Lange, que imprime uma força impressionante à personagem Leigh, esposa do advogado. Elegante e completa em cena, Jessica transita da euforia ao pânico completo com desenvoltura e dá aula de atuação em um papel complexo, em que precisa lidar com o medo que a cerca, e o fascínio pelo personagem de Max, atraente até certo ponto, tanto pelo charme de de Niro, quanto pela diferença deste com seu marido, incapaz de fazer mal a uma mosca. Como uma mosca atraída por luz neon, Leigh trava seu próprio embate interior, afastando e se aproximando por Max. Afinal, seria ele tudo que a pacata esposa e mãe deseja: um bad boy que traga um pouco de aventura à sua vida?

O assassino, estuprador, maníaco, sociopata e derivados, Max Cady, em alguns momentos lembra até mesmo outro famoso vilão dos cinemas: Hannibal. Pobre Graciela, e sua partida chocante, mas absolutamente genial numa daquelas cenas que você não sabe se grita, xinga ou, bem, vomita. Para os cinéfilos, algumas pérolas também ficam guardadas. Na versão de Scorsese, os atores Gregory Peck e Robert Mitchum, respectivamente o advogado e o assassino no original de 1962, fazem participações especiais, deixando a experiência ainda mais divertida de se ver.

Em tempos de baixa de filme do gênero nos cinemas, é sempre bom olhar para trás e ter opções maravilhosas como essas para rever e passar perrengue junto com a família sofredora.


19 de junho de 2014

Ninfomaníaca Vol II: Metáforas e Violência na Conclusão da Obra Surpreendente

(Nymphomaniac: Vol. II) Dinamarca, Bélgica, França, Alemanha, Reino Unido, 2013


Segunda parte da história de Joe, a ninfomaíaca do título, em que revela mais sobre seu passado e conta novas perversões, após perder seu apetite sexual, ao novo amigo (?) Seligman.


Falar abertamente sobre sexo, hipocrisia, vício, feminismo, religiosidade e violência não está sendo fácil. Em tempos de opiniões abertas no fóro público que se tornou a Internet, encontrar ponto de concordância sobre quaisquer um desses temas, cascudos desde sempre, tornou-se trabalho quase impossível.

O que o diretor Lars Von Trier trouxe nessa obra (pense nela como um único filme de quase 5 horas) reflete alguns temas latentes tanto em sua obra, quando no bate-boca diário que se vê online e, bem, em qualquer mesa de bar ou sala de aula em que o diálogo esteja aberto. O que ele faz não é concluir nada, mas colocar dois personagens absolutamente dispares para debater temas comuns aos dois (cada qual com seu conhecimento sobre) e deixar com o espectador as conclusões, ou provoca-los devidamente.

Temos aqui tudo que já se deve esperar para quem viu o primeiro filme e os trailers do Vol II: sexo, violência, perversões e novas camadas de, bem, toda forma de putaria que Joe (Charlotte Gainsbourg), a ninfomaníaca, consegue se expor. Quando, enfim, se entende que esse comportamento não parte de 'safadeza' mas sim, de uma doença, ou nomeie como preferir, é impossível negar que, no fundo, já que não há limites, queremos mais é soltar a mão do carrinho e jogar os braços pra cima na queda da montanha russa. Joe em nenhum momento busca o sexo para se aliviar, mas sim para dar de comer ao monstro sexual que a habita. Paralelamente, o filme equilibra cada incursão sexual de Joe com metáforas à religião, relacionando alguns dos episódios de sua vida à Igreja ocidental comparada à oriental, além de revelar porque Seligman (Stellan Skarsgård) seja talvez o melhor ouvinte, confidente e possível amigo de Joe. Sem revelar muito da história, Stegman age como antítese perfeita do que Joe representa, e cuja presença pode mudar a existência do velho solitário para sempre.

Das inúmeras passagens dignas de menção, eu destacaria a sessão de terapia em grupo em que Joe aprende como tentar afastar toda forma de contato que desperte seu desejo sexual. Ela tenta, frustradamente, convencer-se de que pode ser curada, mas acaba causando uma verdadeira 'queda do pano' em todas aquelas personagens, dominadas pela própria hipocrisia em que vivem, um paralelo ao que a sociedade espera de cada indivíduo: que sejam uns como os outros, ao contrário de Joe, que entende, aceita e orgulha-se de sua 'condição' ninfomaníaca. Uma cena de arrancar aplausos.

Não é preciso muito estômago para assistir este filme. Mais valioso será ir de cabeça aberta para todas as discussões, e não são poucas, que ele provocará em você, que se verá refletindo inúmeras vezes sobre, bem, como ou porque você anda fazendo sexo, aonde pode chegar ao aceitar este ser imutável e único que representa quem você é de fato e como, acima de tudo, você consegue lidar e se relacionar com quem passa pela sua vida deixando marcas profundas ou, apenas, só uma gozadinha fácil de esquecer após cruzar a esquina.

Vá com tudo, queridos pipoqueiros, a viagem à mente surpreendente de uma Ninfomaníaca nunca foi tão fascinante, por mais aversão que ela possa causar.

9 de junho de 2014

'Os Croods' Surpreende com Excesso de Simpatia e Bom Ritmo

(The Croods) EUA, 2013



Família pré-histórica mantém sua rotina de constante luta por comida, proteção e criação da prole em um mundo cheio de ameaças. A separação dos continentes, no entanto, dará um novo sentido às suas vidas, com a chegada de um jovem que é a próxima etapa da evolução.


Convenhamos: qual o interesse que uma animação sobre uma família pré-histórica poderia ter no público? Maltrapilhos, constantemente cobertos de poeira, desdentados, mal encarados e disformes, os personagens mal serviriam para vender brinquedo, ou atrair adultos. Assim, pequeno era meu interesse em ver a obra. E que erro.

'Os Croods' é talvez um dos filmes mais simpáticos da Dreamworks desde 'Kung Fu Panda' (2008). Mesmo longe do espetáculo de 'Como Treinar Seu Dragão' (2010), o filme não demora mais que 5 minutos para conquistar seu coração e fazer a plateia gostar automaticamente da família de neandertais/homo sapiens/trogloditas. Logo em uma sensacional sequência de abertura conhecemos a rotina da família Crood, liderada pelo pai Grug (voz de Nicolas Cage no original) com sua esposa Ugga (Catherine Keener) em que, juntos, têm que desafiar animais mortais para conseguir comida, alimentar toda a família e retornar em segurança para a caverna que os protege dos perigos lá fora. Destaque para a bebê dos Croods, que ganha uma participação hilária no resgate do ovo que será a janta da família. Genial.

O filme se afasta do apuro científico e histórico, e explora livremente uma mescla entre diferente estágios evolucionários do ser humano, colocando juntos os Croods e o pensante e 'cerebrado' Guy (Ryan Reynolds). Além disso, brinca com espécies de animais ricos em detalhes e com excelentes conceitos criativos. Destaque para a revoada de pássaros-piranha donos de duas belas e engraçadas sequências. 

A animação transita a esmo por belos cenários ao longo da jornada da família em busca de segurança, após o início da separação dos continentes que quase os afasta permanentemente. O surpreendente entrosamento dos personagens garante a energia e constantes piadas que o filme espertamente consegue incluir, sem deixar de lado a história bem escrita pelos diretores Kirk de Micco e Chris Sanders, este responsável também pelos roteiros de 'Lilo & Stitch', 'Mulan', 'O Rei Leão', 'Aladdin' e 'A Bela e a Fera'.

Com o já tradicional desafio de entreter jovens plateias e os adultos que as acompanham ao cinema, o filme consegue com folga resolver o problema de criar empatia com uma família pré-histórica, entregar ação muito bem coreografada (continentes se abrindo e câmeras velozes entregam aqui resultados surpreendentes) e sem ficar aquela velha sensação de animação bem feita (e muito) com argumento frouxo e desinteressante. Além disso, brinda a plateia com emocionantes cenas, difíceis de acreditar que são apenas pixels bem renderizados na tela. Particularmente, a cena em que a família enfrenta a dor da possível perda de um de seus membros já deixa esta obra à frente de inúmeras que chegaram às telas recentemente e é um dos inúmeros motivos que garantiu sua indicação ao Oscar 2014 de Melhor Animação.

Prepare muita pipoca, queiros leitores, e vá de sorriso aberto pra este filme, que já tem sequência confirmada para 2017 e a gente vai ver fácil!

O filme está disponível atualmente no Netflix e também em DVD/Blu Ray.


8 de junho de 2014

'300 - A Ascensão do Império' não traz nada novo e decepciona

(300 - Rise of an Empire) EUA, 2014


General grego Themistokles lidera seu exército contra a invasão Persa liderada por Xerxes e Artemisia, vingativa comandante da marinha Persa.


E eis que o raio não caiu duas vezes no mesmo lugar. E tínhamos aqui tudo a favor: parte do elenco sobrevivente de volta, efeitos alinhados com a estética do filme anterior e abertura para novas e empolgantes cenas de batalhas. Tudo pronto, mas faltou liga, carisma e sobrou muito sangue mal feito, que mais parece uma geleia, toda vez que jorra na tela.

Na sequência do espetacular filme de 2006, conhecemos o general Themistokles (Sullivan Stapleton), que durante uma batalha travada metade na terra, metade no mar, consegue matar o Rei Dario (Igal Naor), pai de Xerxes (Rodrigo Santoro). Levado pela jovem Artemísia (Eva Green), o jovem príncipe se expõe à inúmeras maldições que o elevam ao patamar de um verdadeiro Deus. Conhecer o passado de Xerxes até aumentava o interesse por este '300', porém tudo cai por terra quando pouco ou nada de interessante é tirado da história do homem-que-virou-deus. Rodrigo Santoro retorna ao famoso papel, porém pouco tem a fazer em cena, e entra sem nada a acrescentar e sai sem muito feito. Incrível imaginar que até o vilão, fascinante em sua concepção visual, neste segundo filme é tão desinteressante quanto qualquer coisa que se vê em cena.

O diretor Noam Murro se esforça, com a tutela de Zack Snyder, diretor do filme anterior, imprime na tela cenas riquíssimas em detalhes, mas tanta plasticidade perfeita também se torna o fraco do filme. O tempo todo há grãos de poeira pairando em cena, câmeras lentas variando entre cenas de ação ou em, bem, qualquer outra cena do filme, atrapalham o que o primeiro '300' conquistou com esmero: uma transição dos quadrinhos para o cinema de forma brilhante e com personalidade. 

Aqui, uma batalha sem motivo se liga à próxima sem razão, em que aparentemente o desafio era tentar mostrar como conseguirão filmar uma guerra em alto-mar de forma crível e emocionante. O que sobra, no entanto, são belas e estrondosas batalhas vazias de sentido ou conflito que justifique tantas repetições. Themistokles só não segue mais deslocado do que todo o exército que comenda, formado de todos os estereótipos tradicionais: o filho que se esconde no meio do batalhão para cumprir a promessa feita ao pai, o guerreiro experiente que profere frases poéticas nas vésperas das lutas, o brucutu psicopata com sede de sangue e por aí vai. 

E é nas lutas que temos a coroação da falta de ousadia e desinteresse absoluto pela trama. Artemísia, em uma interpretação cansadíssima de Eva Green, procura ser a vilã tradicional e bitch que puder, mas aparentemente só consegue trocar de fantasia, couro sobre couro decorado com couro, e olhar feio para seu exército, automaticamente condenado a morrer ou pela espada ou pela falta de humor de sua general. Xerxes acompanha tudo de longe e quase vira um cachorrinho nas mãos de Artemísia. Themistokles procura, no máximo, criar alianças com o Espartanos em momentos raros de bons diálogos com a viúva de Leônidas (Gerard Butler), a Rainha Gorgo (Lena Headey), única personagem que dá alguma dignidade à coisa toda. Quando as batalhas acontecem, e acredite, não há mais de 15 minutos de filme sem uma, sobra excesso, temos menos gore e cenas de impacto real, e muitos truques de fotografia e câmera, que fazem parecer que o filme inteiro foi feito com filtros e efeitos de Instagram.

Assista por conta, queridos pipoqueiros, porque neste '300' não teremos as inovações, impacto, surpresas ou novas e célebres frases que serão adotadas como a inesquecível "This is Sparta!", ficando somente a pressa para acabar tudo logo e o saudosismo do incrível filme anterior. Passe sem esse. Tá tranquilo.


3 de junho de 2014

Novas Imagens do set de Star Wars e Novidades no Elenco


Saíram novidades do set de Star Wars - Episódio VII! As imagens 'vazadas' mostraram que, dentre as boas novas, teremos novamente cenários reais criados para o filme e muitos Puppets! 

Se tudo continuar se afastando da plasticidade fake dos Episódios I, II e III, o filme acaba de ganhar nosso interesse \o/





Além dessas maravilhas, houve novas aquisições ao elenco: Lupita Nyong'o (12 Anos de Escravidão) e Gwendoline Christie (Game of Thrones) estão confirmadas no elenco da aventura! 


1 de junho de 2014

Malévola: Fantasia e Charme Inofensivos

(Maleficent) 2014, EUA, Reino Unido



Um novo ângulo sobre a história por trás de um dos  feitiços mais famoso dos desenhos Disney, mostrando origens, os acontecimentos paralelos e dando um novo final à história da fada Malévola.


O que há para não gostar neste 'Malévola'? Assumidamente fantástico, o filme se apresenta desde o início como um conto de fadas daqueles, e assim abraça o tema até o final. Mais um dos live actions de clássicos Disney, iniciado por 101 Dálmatas (1996), e que já revisitou Alice no País das Maravilhas em 2010, Malévola traz Angelina Jolie (fascinante) como a famosa vilã.


Com uma proposta idêntica ao do famoso musical da Broadway 'Wicked', o filme procura contar a história anterior aos acontecimentos de "A Bela Adormecida", além de mostrar o que ocorria em paralelo à história que todos conhecem de cor. Por ser feito pela própria Disney, o filme fica livre para se manter fiel ao material original e difere, por exemplo, da caracterização dos personagens que Branca de Neve e o Caçador (2012) fez, replicando a clássica figura da vilã dos desenhos, em uma reprodução perfeita criada por Jolie.

Invariavelmente, é quando ela está na tela que o filme fica absolutamente interessante. A boa notícia é que isso acontece quase o tempo inteiro da projeção. Jolie consegue mostrar muita maldade e doçura, e até mesmo emocionar em cenas lindamente filmadas. Para mim, não haveria hoje uma atriz que entregasse a qualidade de interpretação que ela consegue neste filme, tornando a vilã extremamente carismática. A cena em que ela invade o castelo do Rei Stefan (Sharlto Copley) para lançar seu feitiço sobre Aurora (Elle Fanning) é tão hipnotizante em sua execução que lembra, eu diria, a primeira aparição do Coringa para os capangas reunidos em Cavaleiro das Trevas, simplesmente impossível olhar para qualquer outra coisa e não ver ali a performance de uma atriz plena e ciente de seu poder, com ou sem efeitos especiais grandiosos, ficando evidente o quanto Jolie estava se divertindo com aquilo tudo. E como todo bom conto de fadas, o filme é mesmo deslumbrante de se ver. São tantos elementos extremamente detalhados ao mostrar o mundo de Malévola, que já temos o segundo melhor ponto do filme: efeitos e fotografia excelentes, o que era esperado do estreante diretor Robert Stromberg, vencedor do Oscar de direção de arte por Alice (2010) e Avatar (2009).

Sendo assim, o restante do elenco tem pouco a fazer, até mesmo Elle Fanning não entrega nada além do que o papel limitado que Aurora pede dela. Não me incomodou o excesso de sorrisos e alegria constante da garota afinal, sejamos francos, ela está enfeitiçada para ser feliz, para ser bonita e para furar o dedo aos 16 anos, não é culpa dela.

No todo, o filme vale a sua pipoca, o seu tempo e cumpre a tarefa de entreter com qualidade. Vão sem medo, amigos pipoqueiros, caiam no encanto dessa vilã e os desafio a sair de cara emburrada, a não ser, claro, que você não curta Lana Del Rey cantando Once Upon a Dream nos créditos. 

Em tempo, o teaser do próximo live action da Disney, Cinderella, já saiu no mês passado e você pode conferir aqui.


29 de maio de 2014

'The Normal Heart' tem altos e baixos, mas emociona

(The Normal Heart) EUA, 2014

Ativista tenta levar conscientização sobre o vírus do HIV no início da crise causada pela doença em Nova York durante os anos 80, e que resultou em milhares de mortes.




Os primeiros anos da crise criada pela epidemia do vírus HIV nos Estados Unidos deixaram marcas históricas até hoje. Do medo causado pelo 'câncer gay' como era chamado no início, à ausência de informações sobre a doença, o absoluto desinteresse do governo em oferecer recursos para pesquisas do tema e o reforço de preconceitos a homossexuais, a iniciativa de tentar entender e conter o vírus e, assim, dar suporte a cada um dos infectados partiu de dentro do grupo que mais sofreu perdas durante esses primeiros anos: os gays. 

Sem recursos, apoio ou conhecimento científico avançado, canais de comunicação foram criados para ajudar infectados e tentar criar uma maior conscientização sobre o vírus, mesmo quando ainda era praticamente nula a quantidade de informação à época. 

É nesse contexto que o filme acontece. Adaptação da peça 'The Normal Heart' de Larry Kramer, o filme estreou na HBO com boas promessas, e desconfianças: elenco contando com Julia Roberts, Mark Ruffalo, Alfred Molina e Jim Parsons, tema sensível e o controverso diretor de 'Comer, Rezar e Amar', também criador da série 'Glee'.

O que acontece é que o filme se afasta do público enquanto ainda está na etapa de apresentação e construção de suas personagens, e quando enfim chega a sua segunda, e emocionante, metade, já está sem fôlego para por nos eixos a inconsistência narrativa que criou. Temos intervalos de cenas pontuais, talvez resultado da peça em que se baseia, que o torna menos orgânico, e mais episódico ao longo da primeira hora. 

Aqui destaca-se Julia Roberts como a Dra. Emma Brookner, uma das pioneiras na pesquisa sobre o vírus. Papel forte em que, novamente, se despe de vaidade e faz mais uma interpretação tensa (pegada que lembra sua personagem de 'Osange County'). Contraste com Ruffalo, com choramingos demais ao longo do filme, mas que consegue entregar ao menos uma cena impecável, em que discute com o irmão, interpretado por Alfred Molina, sobre igualdade e preconceito, em uma das melhores cenas do filme. Essa cena também marca o ponto de virada do filme, que engata um ritmo intenso de emoção e cenas doloridas, nada gratuitas, e também ótimos diálogos gerados do conflito de um grupo de pessoas tentando combater algo que não entendem, mas perdendo amigos, e a esperança, pouco a pouco, pelo caminho.

Mas seria muita cagação de regra desmerecer o filme, quando seu principal mérito não é técnico, mas ético, e nisso ele cumpre sua proposta, abrindo espaço para a reflexão sobre a dor da perda e o choque entre a sonhada liberação sexual de toda uma geração e a epidemia que matou milhares de jovens como um dos tristes resultados. 

Uma dica para vocês, pipoqueiros dedicados, é assistir depois desse filme ao documentário "How to Survive a Plague", fortíssimo retrato do ativismo gay em Nova York durante os anos em que a epidemia do virus HIV se espalhou, e um importante lembrete de como um grupo engajado pode ter poder de transformação política e conscientização, chegando até a salvar vidas.



26 de maio de 2014

Godzilla: Corre que lá vem o Godzzzzzzzzz...

(Godzilla) EUA, Japão, 2014



Após décadas adormecido, monstro ressurge provocando destruição e morte em busca de novas fontes de radiotividade para se alimentar e procriar. Em seu caminho, Godzilla, outra criatura gigantesca, vai defender seus territórios a todo custo.





Está tudo lá: diretor de filme hype de monstros, chamado [pausa dramática] 'Monstros' (2010), elenco supimpa, 16 anos de diferença da última aparição do bicho nos cinemas americanos (que tinha lá seus altos e baixos), e avanços tecnológicos suficientes, chegamos a este novo Godzilla. O filme faz uma grande reverência ao material em que se baseia, desde o conceito do bicho, à trilha sonora e à premissa de que é preciso ter briga de monstros para ser um filme de Godzilla. E tudo isso está lá entregue. Nada americanizado, patriotadas ou forçadas de barra, em um filme em que convenhamos, já parte de uma. Então porque Godzilla acaba sendo tão enfadonho e esticado?


Um dos motivos é que o filme perde pontos quando chega a hora de apresentar seu grande protagonista. Ainda que ele o faça em uma inspiradíssima cena em meio a espetaculares explosões num aeroporto, nem aquele charme de mostrar aos poucos partes do bicho, de forma a criar uma tensão crescente, o filme tenta, já partindo para a ação e enchendo a tela com a imagem do monstro com cara de poucos amigos e um olhar de malzão. Mas quando o faz, o filme se volta para o que está acontecendo entre os humanos. Dentre os personagens, está o cientista Joe Brody (Bryan Cranston), que trava uma verdadeira batalha contra a companhia que causa o despertar de monstros alterados por radiação, liderada pelo Dr. Ishiro Serizawa (Ken Watanabe, chato e canastrão) e  Vivienne Graham (Sally Hawkins, repetindo o mesmo papel de Blue Jasmine).


O que também atrapalha é que a separação, e ocasional luta para reaproximar uma família, lembra bastante o enredo do espetacular "O Impossível" (2012) e é bastante desinteressante. Não se vê em algum momento que aquela família esteja, de fato, sob algum risco ou prestes a estar. É como se houvesse muita cerimônia para criar algum vínculo com o fator humano do filme, o que é louvável, porém esse fator é cansado e soa superficial, deixando aquela sensação de "OK, vocês estão preocupados uns com os outros, agora tragam o godzilla de volta", e isso nunca se cumpre. 


A tudo isso junta-se uma tremenda falta de senso de humor. Ninguém tira sarro de ninguém, o monstro não cria nenhuma empatia involuntária (convenhamos, ele está destruindo San Francisco, uma das cidades mais maneiras do mundo, não custava nada) e as cenas do Joe Brody parecem sempre choramingos eternos. Godz, pisa nele, sério.

Mas há ao menos uma ressalva aqui: o monstro em si, fiel ao conceito original do Godzilla, faz peso, literalmente, na tela. Repete os movimentos lentos do japonês, é bem menos pop que seu homônimo anterior, solta fogo pela boca (em duas belas cenas) e impressiona pela complexidade com que foi criado. Salva de palmas pela conquista aqui. 


O que fica é aquele tremendo gosto amargo de que estava tudo alí, e esqueceram de mostrar o que mais importava para a plateia: a graça de rever o monstro mais famoso do cinema.

25 de maio de 2014

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido. O Filme Que X-Men Merecia

(X-Men: Days of Future Past) EUA, 2014


Uma guerra contra mutantes e humanos faz com que os X-Men do presente e do passado se cruzem para tentar mudar a história, e a origem, do pesadelo da perseguição e matança dos mutantes.



Quando o primeiro filme de X-Men chegou aos cinemas em 2000, Bryan Singer só tinha problemas nas mãos: críticas dos fãs por conta de um depoimento em que disse nunca ter lido X-Men, pelas escolhas das fantasias dos heróis (pretas ao invés dos colants amarelos dos quadrinhos), tinha pouco dinheiro na mão, tinha a desconfiança do estúdio em uma época que filmes de super-heróis não eram lá muito bem vistos em se tratando de rentabilidade e acabou tendo que tirar leite de pedra para provar que uma boa história de herói caberia num orçamento enxuto. 14 anos depois chegamos ao 7º filme da série dos mutantes e a certeza de que esse retorno é mais que bem vindo, sendo essa uma das mais consistentes já criadas para o cinema.

Baseado no arco 'Dias de um Futuro Esquecido' lançado em 1981 nos quadrinhos, o filme explora uma das mais surpreendentes histórias dos mutantes. Dando um salto em um futuro não definido, encontramos os heróis às voltas de um verdadeiro apocalipse mundial, em que humanos e mutantes são caçados e massacrados em campos em campos de concentração. O futuro sombrio no entanto tem origem nos anos 70 e é para lá que Wolverine (Hugh Jackman) é enviado, em uma tentativa final de alterar o rumo dos acontecimentos que levaram à guerra e destruição atuais. A beleza de tudo é ver que essas mudanças acompanham a transição de uma mutante, Mística (Jennifer Lawrence), de fugitiva e assustada, em uma assassina das mais perigosas.

Diferente dos acontecimentos da história, aparentemente feitos para dar tão, mas tão errado para os heróis, o filme é simplesmente incrível. O que antes já era uma das melhores habilidades de Synger, ao manter coeso um enredo que dá espaço para 10 ou mais personagens se desenvolverem e terem boa presença de tela, aqui alcança um novo patamar, ao contar não só a história de dezenas de mutantes, mas fazê-lo indo e voltando no tempo sem furos. De volta à sua estética anterior, Synger resgata a bela trilha dos primeiros dois filmes, a abertura épica e retorna, ainda que com menos profundidade, ao tema da tolerância às diferenças e do conflito dos heróis que devem proteger aqueles que os temem. Junte-se a isso, novas cenas absolutamente criativas de ação. Em uma das mais impressionantes, Mercúrio (Evan Peters) derruba meia dúzia de policiais, desvia balas, salva os X-Men, ao som de Time in a Bottle, de Jim Corce, e nos lembra onde Synger pode chegar numa única e brilhante cena, que lembra a espetacular invasão de Noturno à Casa Branca em X2. Além da ação, temos novos diálogos afiadíssimos, atenção para a cena entre o Professor X do passado e presente: uma breve aula de como resgatar um líder quebrado (física e mentalmente) do limbo irresponsável em que se afundou. Resumindo: do caralho!

O filme ainda chega em um momento oportuno em que vemos aquecido, em labaredas eu diria, o discurso de igualdade de direitos, liberdade e segurança daqueles que nasceram diferentes do dito 'padrão social' imposto. Diversa em inúmeras camadas, a obra tem desde seu diretor ao elenco, com Ellen Page (Kitty Pryde, com grande destaque no filme) e Sir Ian McKellen (Magneto), homossexuais assumidos, passando pelo papel das super corporações e avanços científicos no futuro da humanidade e, até mesmo, vício pesado em drogas. Levanta, por fim, um alerta sobre em que ponto as ações tomadas hoje (ou no passado e que já não têm mais volta) na esfera política e científica, já definiram o futuro de nossas vidas, e planta uma pulga na orelha, fazendo refletir até mesmo nosso papel nessas mudanças.

Temos aqui, querido pipoqueiro, o filme que X-Men merecia, talvez não o melhor de todos da série (X2 segue sendo meu favorito), mas sem dúvida um retorno à excelência que só um filme dos X-Men alcança (high five Bryan). Portanto, trate de ver essa obra, seja pela aventura e toda a ação, pelo elenco (diga-se de passagem, talvez o melhor que eu ví em anos) ou pela história, mas vai ser impossível não sair surpreso de 'Dias de Um Futuro Esquecido'. E fique até o final dos créditos, temos uma prévia do que esperar do próximo filme dos mutantes: X-Men: Apocalypse!

24 de maio de 2014

O Espetacular Homem Aranha 2: O Herói Mais Gente Boa da Marvel.

(The Amazing Spider-Man 2) EUA, 2014


Peter Parker assume o papel de herói de Nova York e se aprofunda no passado sombrio dos pais, aumentando ainda mais o conflito interno do personagem em busca de sua origem, tudo enquanto precisa lidar com formatura, a namorada e proteger sua Tia May do alter ego que criou.



Ainda que a trilogia anterior me fascine até hoje, sigo repetindo que essa nova leitura de Homem-Aranha é a melhor visão do herói já feita no cinema. Da escolha do elenco, ao salto dos efeitos especiais que este filme entrega, temos um filme de super-herói, ponto. A locação, os personagens, podem e são mesmo reais, mas temos aqui uma camada de fantasia importante, talvez imprescindível para que o filme aconteça e se saia tão bem.

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro continua a jornada de Peter Parker (Andrew Garfield) com sua rotina como homem-aranha. Logo no início, uma cena impressionante mostra a mecânica, e a dificuldade, de se cruzar Nova York usando o meio de transporte do herói: teias, muitas teias. Aqui já temos o primeiro avanço em relação até mesmo ao filme anterior de 2012 (lembre aqui da crítica do Quer Pipoca?), a textura da roupa do herói chega a se mover com a força do vento, dando mais realismo ao rolê pelos prédios, além do diretor Marc Webb repetir a deliciosa técnica de por a câmera do ponto de vista do próprio homem-aranha, com os trancos e rodopios muito bem explorados.

Aqui, Peter já sabe a que veio como o homem-aranha, e encontra o tom certo para combater o crime na cidade. O que não segue em paralelo com a vida pessoal do herói, que passa por idas e vindas com a namorada Gewn Stacy (Emma Stone), a garota mais legal do mundo inteiro, e região. A empatia pelo casal é imediata, e sem mimimi eles transitam pela trama com algumas das melhores cenas do filme.

O problema aqui, talvez um dos poucos, é que o vilão Electro (Jamie Foxx) não atrai nenhum interesse. Manipulável como um fantoche, ele vai para o lado de quem oferecer o melhor osso, em busca de uma amizade que acabe com sua sensação de ser 'invisível', só que acaba perdendo o interesse de quem realmente precisava conquistar: a plateia. Simultaneamente o verdadeiro, e esperado, vilão deste filme toma forma, quando o magnata herdeiro da Oscorp, Harry Osborn (Dane DeHaan) vai perdendo a razão em busca da cura de uma doença terminal. A saber, ele se torna o Duende Verde, aqui realmente ameaçador e em nada lembrando o constrangedor cosplay de Jaspion verde do filme de 2002.

O embate entre os dois é simplesmente brilhante em sua concepção, com cenas furiosas de batalha pelos ares, e que termina em uma das cenas mais fortes da mitologia do Homem-Aranha nos quadrinhos, e também cheia de polêmicas quando a história original foi publicada em 1973. Sem soltar spoilers, o impacto foi tão grande na época, que a Marvel teve que voltar atrás e repensar o destino dos personagens. Aqui, a mesma cena volta a acontecer, mas sem margem de dúvidas, como aconteceu nos quadrinhos. Vale a pesquisa depois de ver o filme e conferir o mistério.

Portanto, querido pipoqueiro, trate de rever o primeiro filme da nova trilogia (sim, teremos um próximo, claro), comprar seu ingresso e ir aproveitar essa lindeza de aventura imperdível para quem busca ação de qualidade com uma história redondinha. E não deixe de buscar Stan Lee na multidão, ele está lá, tirando uma onda de novo.

E surpresa da Marvel no final da projeção. Sim, quem saiu antes dos créditos terminarem não viu o preview de uma cena de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, que estreou ontem, mas como a gente é legal, toma aí a cena :)


23 de maio de 2014

Elena: Documentário Mexe com Seu Juízo e Surpreende

(Elena) Brasil, EUA, 2012



Documentário que recria a jornada da jovem atriz brasileira Elena em Nova York, pelo ponto de vista de sua irmã mais nova, Petra, diretora do filme.




Foi no repente que resolvi assistir este documentário. A convite de um amigo, e com a possibilidade de ser aquela a última sessão do filme em cartaz na cidade, fui conferir. Meu crescente interesse por documentários (recentemente potencializado pela maratona que fiz com alguns dos indicados ao Oscar deste ano, e com crítica aqui no Quer Pipoca?) só deu mais gás à experiência toda com este longa brasileiro. E que experiência.

Dolorido como só o ato de 'dar adeus' aqueles que se vão, este filme consegue, de forma inesperada e criativa, contar o relato de uma jovem (Petra, diretora do filme) sobre a ida da irmã mais velha para Nova York, onde foi estudar teatro. Já no início, ela cita uma das frases de sua mãe, que comenta que elas podem ir a qualquer cidade, menos Nova York, e ter qualquer profissão, menos ser atriz.

Assim, a diretora faz uso de lembranças de sua memória, vídeos caseiros, dramatizações, entrevistas reais, fotos e música para, aos poucos, ir revelando mais sobre a vida da irmã, e tentar, camada por camada, entender quem ela foi, para si mesma e para o mundo. Sair desse documentário sem a cabeça rodando é difícil, tamanha a carga emocional mostrada em cada cena, por vezes, nos colocando no ponto de vista da irmã mais nova, relembrando, em loopings constantes da mais velha dançando, da própria história, da saudade e lidando, por vezes superando, o luto.

Inesperado pensar que entrei para ver um documentário, preparado para quaisquer formato já esperado: entrevista, voice overs, câmera na mão, acompanhamento silencioso em terceira pessoa, ou qualquer sistema de se contar uma história real. O que Petra consegue é subverter esses modelos, mesclar suas formas, aproximar-se de outras linhas narrativas, como a do incrível 'Man on Wire' (2008), alcançando um diferente patamar de longa metragem, em que sabe-se que o que está na tela são fatos reais, mas transportados para o filme como um sonho/lembrança difícil de apagar.

Desafie-se, querido pipoqueiro, à esta experiência inesquecível. Ela pode ser capaz de resgatar, assim como a diretora do filme, algumas memórias que estão guardadas em algum lugar aí dentro, que só quando emergem, conseguem, de fato, voar para longe.


21 de maio de 2014

Documentário Sobre Star Wars, e Você Pode Financiar!


Quer ajudar a fazer um documentário sobre Star Wars? O documentarista Jon Spira lançou um projeto de crowdfunding no Kickstarter para financiar seu novo documentário: ELSTREE 1976, um retrato dos atores que tiveram um (pequeno) papel num dos maiores filmes da história do cinema. Dos ETs em bares até a máscara do vilão Darth Vader, ele entrevistou esses interessantíssimos atores, que contaram detalhes sobre o impacto dos filmes em suas vidas, mesmo longe do elenco principal. Para fazer sua doação, é só ir no link https://www.kickstarter.com/projects/832232974/elstree-1976

16 de maio de 2014

Novo filme de Chistopher Nolan ganha trailer

(Interstellar) EUA e Reino Unido, 2014



Saiu o trailer de Interstellar, o novo do diretor Christopher Nolan. Filme terá Matthew McConaughey como um pai de família chamado a explorar o universo quando a vida no planeta Terra chega ao limite do sustentável. Filme terá ainda Anne Hathaway, Jessica Chastain e Michael Caine, e estreia em 7 de Novembro por aqui. A gente achou intrigante, mesmo achando que precisamos de mais, já que Gravidade elevou o nível de filmes espaciais no ano passado. Quem vai com a gente?





Museu da Casa Brasileira Exibe 'O Iluminado' ao Ar Livre Amanhã!


Quem quiser programa cinematográfico na Virada Cultural de São Paulo, pode preparar a pipoca para a “ViradaSlow” no MCB, uma parceria do museu com a produtora Respire Cultura. Sob o preceito do movimento “Slow”, tendência mundial baseada nos conceitos de sustentabilidade de suas ações, desaceleração e valorização do tempo ocioso, um dos programas será a exibição ao ar livre de 'O Iluminado', clássico dirigido por Stanley Kubrick em 1980, baseado no livro de Stephen King. 

A sessão começa à 0h do dia 17 para o dia 18, com entrada gratuita!
Endereço: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705 - Itaim Bibi
Programação completa aqui.







10 de maio de 2014

Marotices Hispter da Semana


Duas gracinhas hipster rodaram a Internet na última semana e, como bom pipoqueiro, você já deve ter cruzado com essas paródias por aí. Reunimos os dois vídeos too good to mainstream que nos fizeram rir tirando sarro da estética e maneirismos de dois diretores que a gente adora: Sofia Coppola (Maria Antonieta, Bling Ring) e Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums). 



Assista ao trailer paródia do site Funny or Die que antecipa nossa expectativa de A Pequena Sereia da Sofia.



E aqui, o canal Nacho Punch dá uma ideia de como seria um pornôzão dirigido pelo Wes Anderson.




8 de maio de 2014

Novo Trailer de Planeta dos Macacos: O Confronto

(Dawn of the Planet of the Apes) EUA, 2014

Muita emoção para uma Quinta-Feira. Saiu o trailer internacional de Planeta dos Macacos: O Confronto. Cesar e uma comunidade completa de macacos colidem com sobreviventes do vírus que não curtem deixar ninguém em paz. No site oficial (www.dawnofapes.com/#comic), uma graphic novel linda conta mais detalhes sobre a história. Filme estreia em 18 de Julho.

Yves Saint Laurent - Biografia Fascina Com Elenco Impecável

(Yves Saint Laurent) França, 2014


Biografia do gênio criativo Yves Saint Laurent, marcando o início de sua carreira, o desafio do lançamento da própria marca ao lado do parceiro de negócios e amante Pierre Bergé, até o reconhecimento mundial. 



O universo da moda definitivamente é uma ótima fonte de interessantes histórias para o cinema. 'Coco Antes de Chanel' (2009), 'Prêt-à-Porter' (1994), 'O Diabo Veste Prada' (2006) e documentários como 'The September Issue' (2009) e 'Valentino: The Last Emperor' (2008) retratam detalhes desta indústria, desde seus designers mais famosos até os veículos que os promovem e todo o Mise-en-scène por trás de um lançamento de coleção.

'Yves Saint Laurent' soma-se a este fascinante conjunto de filmes, elevando ainda mais o patamar das biografias já lançadas, ao juntar um roteiro bem amarrado, excelente fotografia (talvez um dos pontos mais fortes do filme) e um elenco impressionante. O filme mostra o protagonista, vivido por Pierre Niney, incrivelmente parecido com o estilista, transitando entre o início da carreira aos 25 anos, quando Yves Saint Laurent se torna diretor criativo da grife Dior, até seus anos de explosão criativa, tornando-se um marco da moda mundial. Yves Saint Laurent, inclusive, foi um dos primeiros estilistas a ter uma exposição solo no Metropolitan de NY. 

O contato com a indústria, do qual tinha dificuldades em lidar, preferindo isolar-se totalmente em seu processo criativo, também o aproximou de outros talentos como Karl Lagerfeld (Nikolai Kinski) e seu amante, e principal parceiro de negócios, Pierre Bergé (Guillaume Gallienne). É mostrando o jovem brilhante, que se tornaria um dos mais importantes estilistas do mundo, que o filme nos aproxima de um artista inseguro, maníaco depressivo e dono de uma força criativa incontrolável. Algumas das cenas mais interessantes são justamente quando o processo de desenvolvimento da obra do estilista é mostrado, ainda que rapidamente, em fluxos ininterruptos de rabiscos e croquis que iam dando forma às coleções mais marcantes de sua carreira, e que provavelmente você, querido pipoqueiro, deve ter tido contato em algum momento.

Sua rebeldia também se mostrava em seu relacionamento com Pierre, que ao longo dos anos assumiu o papel de âncora do jovem Yves, em seus momentos mais pesados do contato com drogas e traições constantes.

O filme pode não funcionar para todos os públicos, acredito que o ritmo possa incomodar algumas vezes, ficando apenas uma ressalva ao clímax do filme, que consegue, sabe-se lá como, ser emocionante e piegas. Música grandiosa com o estilista coberto em aplausos e holofotes, nada de novo aqui. Mas é impossível não se fascinar com um artista eternizado em sua obra, inovador e literalmente incapaz de viver sem produzir peças capazes de definir, não somente o que é a alta costura, mas também o significado de Estilo. 

7 de maio de 2014

Jurassic Park - Feminismo no Cinema.

(Jurassic Park) Estados Unidos, 1993
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Antes de Elsa (Frozen), Daenerys Targaryen (Game of Thrones) ou Lara Croft (Tomb Raider), um dos filmes de maior sucesso da história já trazia um contexto girl power em sua raíz que consegue surpreender até hoje. Você pode até não ter notado, mas o filme segue até hoje como uma das obras mais feministas da história do cinema.

No último ano tive a oportunidade de rever o primeiro Jurassic Park durante seu relançamento em 3D para IMAX. Fui com um amigo na sessão e, logo ao acabar o filme, me questionou sobre os símbolos feministas distribuídos ao longo de todo Jurassic Park. E comecei a pensar sobre tudo que cerca aquele universo e de como esta é, sim, uma obra com contexto feminista tão forte quanto o impacto de seus efeitos especiais, na época e até hoje.

Caso você não lembre o direcionamento em prol das mulheres começa desde o conceito de controle de natalidade dos dinossauros da Ilha. Basta pensar no que o biólogo que explica aos paleontólogos Alan Grant (Sam Neill) e Ellie Sattler (Laura Dern) sobre a criação dos bichos, afirmando que o ambiente inteiro da ilha é formado por dinossauros fêmeas. Então, logo na sequência, temos a inesquecível frase que marcará o restante do filme, dominado pelas mulheres, e só elas: 

"Deus cria os dinossauros, Deus destrói os dinossauros, Deus cria o homem, o homem destrói Deus, o homem cria os dinossauros." "Os dinossauros comem o homem, e a mulher herda a Terra", Dra Satler completando à afirmação do Dr Malcolm.

Basta agora fazer as contas. Quem são os primeiros a se machucar e sair de cena? O advogado e o matemático. Quem pega em armas, literalmente, quando todo o inferno se instala? Dra Sattler. O destino do caçador que cuidava das fêmeas de Velociraptor? Morto por uma delas logo após reverenciar a inteligência do bicho dizendo: "Garota esperta.". Um hacker infiltrado no Parque desliga todas as portas e cercas elétricas da ilha, e as melhores cabeças da equipe não conseguem decifrar o código que pode restabelecer a segurança do Parque. Todos homens. Quem, enfim, consegue salvar o dia religando trancas, telefones, cercas e demais dispositivos de segurança da ilha, uma menina. Sozinha. Logo depois de nocautear um Velociraptor com o truque do espelho na cozinha.

Em uma das cenas, o velho John Hammond (Richard Attenborough) chega a questionar a Dra Sattler sobre seu suposto papel de protege-la e se arriscar na mata. Ela não entra na discussão, só engatilha uma escopeta e convida para um bate-papo sobre sexismo mais tarde. Braddock, desculpe, você não sabe nada sobre sair pra guerra e saber que vai voltar já já. A mesma heroína interrompe Ian Malcolm (Jeff Goldblum) após ele sugerir que há imperfeições na mão da Dra, ao tentar explicar a teoria do caos pelo caminho da gota d'água.

Como poucas obras conseguiram, o filme consegue criar empatia com todos os seus personagens, que são pessoas reais (crianças são crianças, e agem como tal, por exemplo, cansadas, famintas, cheias de vivacidade, aterrorizadas e engraçadas), consegue incluir a entrelinha feminista que permeia toda a obra, passando ao largo de reiterar velhos preceitos heróicos de filmes de aventura. Aqui, não há resgate da mulher indefesa, ao contrário, ela é a força que movimenta a solução da crise inimaginável a quaquer pessoa, e que ninguém foi talhado a lidar. 

Na cena que talvez melhor explique o nível acima do raciocínio feminino deste filme, Dra Sattler, de novo ela, interrompe a viagem de Hammond dizendo o quão fora do controle ele sempre esteve: "Essa é a sua ilusão", para depois provar de novo do sorvete antes que tudo derreta. Ternura nunca perdida. E séculos de sabedoria resumidos em um segundo.

A ver, a produtora do filme Kathleen Kennedy, não por acaso, hoje é uma das mais poderosas de Hollywood, produzindo filmes como Sexto Sentido, os outros dois Jurassic Parks, Lincoln, tornou-se presidente da Lucasfilm, e hoje é produtora do novo Star Wars - Episode VII. 

6 de maio de 2014

Tom à la Ferme (Tom at the Farm) - Thriller psicológico na volta de Xavier Dolan

(Tom à la Ferme) Canadá, 2013
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Rapaz visita a família do namorado morto para o seu funeral e passa a ter contato com os familiares, que não sabem de sua orientação sexual, e os segredos que os rodeiam em toda cidade.

Xavier Dolan segue mostrando a que veio a cada filme. De sua estreia com Eu Matei a Minha Mãe (2009), até Amores Imaginários (2010) e recentemente Lawrence Anyways (2012), o diretor, hoje com 25 anos, segue ampliando suas experiências cinematográficas em campos cada vez mais distintos. Com Tom à la Ferme, Xavier se afasta pela primeira vez dos excessos visuais e narrativos que marcaram seus filmes anteriores, e entrega um filme linear, consistente e, por vezes, surpreendente.

No filme, Xavier vive o Tom, que dá nome à obra baseada na peça de Michel Marc Bouchard. Obrigado a visitar o interior do Canadá para estar presente ao funeral de seu namorado morto, Tom precisa administrar sua dor enquanto vai conhecendo mais a fundo a mãe e o irmão de seu ex-namorado. Aqui temos dois personagens marcantes, uma mãe carente e solitária que sofre a dor da perda e questiona a todo tempo porque seu filho se afastava cada vez mais dela antes de morrer, e Francis (Pierre-Yves Cardinal), irmão de seu ex, que já de início se revela um sociopata, aparentemente tentando proteger a mãe do trauma de saber que o filho era homossexual, mas aos poucos mostrando que guarda impulsos malignos lentamente apresentados a Tom.

A construção das cenas do longa já são o primeiro acerto de Dolan, que consegue ir dispondo os elementos que marcarão as descobertas de Tom sobre aquela família a medida que vai conhecendo outras personagens da cidade. Quando as revelações começam enfim a aparecer, já temos um quebra-cabeças inteiro previamente montado, pronto a revelar uma imagem estranha e distorcida de uma tradicional família do interior e do passado que marca suas vidas dentro da cidade.

Todo o filme mostra muitas vezes uma influência de Hitchcock, desde as decisões da edição, essencial à conclusão de toda a história e marcação do clima crescente de suspense, até a trilha sonora, que se apresenta em cenas aparentemente irrelevantes, mas revela que nelas teremos informações valiosas. Aqui, a fotografia também ajuda a mostrar, com cores opacas, que a vida naquela casa de interior se esvai aos poucos e cada morador, à sua maneira torta, tenta se prender ao passado ou fugir das verdades que não querem enxergar.

Vá sem receio, querido pipoqueiro. Temos neste Tom at The Farm um Xavier Dolan mais sóbrio, maduro e, novamente, prendendo nossa atenção sem apelar para soluções de impacto esvaziadas de sentido. Deixe-se levar pela jornada de Tom, mas sem deixar de prestar atenção ao que o rodeará na viagem.

5 de maio de 2014

Robocop - Robôs ou Humanos Exercendo a Lei?

(Robocop) EUA, 2014
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Em uma Detroit do futuro, a criminalidade chega a níveis preocupantes, invadindo a polícia e grandes corporações. O policial Alex Murphy lidera as investigações de venda de armamento da polícia a gangues da cidade, mas ao sofrer um atentato é transformado em um policial robô criado pela super corporação OCP. No entanto, o equilíbrio humano-máquina se mostra frágil e o domínio da corporação sobre suas ações criam um risco para o próprio policial e sua família.


As expectativas eram altas. Os riscos também. O novo filme de José Padilha depois do fenômeno 'Tropa de Elite 2' (2010), e primeiro do diretor em Hollywood, por si só já era um desafio daqueles: trazer para os novos tempos a história do clássico de 1988 dirigido por Paul Verhoeven, atualiza-la e manter o equilíbrio entre o conflito do policial confinado em um corpo robótico, a crítica política e às grandes corporações, embalando tudo em um grandioso (e sanguinário) filme de ação. Robocop on steroids!

O problema foi pegar aquele material e trabalhar com liberdade que o estúdio, provavelmente, não permitiu. A crítica política está lá, mas mais suave e inofensiva que o debate levantado, por exemplo por qualquer um dos Tropa de Elites, ou filmes anteriores do Padilha. O tempo, no entanto, é mais investido no drama do policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) e numa discussão interessante. O Robocop é, acima de tudo, o produto de uma empresa, exercendo a lei que, até aquele momento, era feito por humanos. O controle tecnológico sobre o policial, que pode perder sua humanidade ou memórias de seu passado a bel prazer dos cientistas liderados pelo Dr. Dennett Norton (Gary Oldman) o torna mais ou menos apto a refletir com velocidade sobre o infrator, sua pena e a medida de punimento a ser adotada em campo. Logo, quem é responsável por responder às ações deste robô: a máquina/empresa por trás, ou o humano que nela vive?

Quanto mais tempo ele levar para tomar suas decisões em um conflito (diferença de segundos) menos comercial ele se torna, se comparado aos robôs utilizados pela OCP em zonas de conflito no oriente-médio. O problema daqueles robôs, no entanto, é que não são carismáticos o suficiente pela falta de um elemento que fale mais alto ao público, no caso, humanidade. A galinha dos ovos de ouro OCP torna-se então, um policial meio robô, meio humano.

Eis que entra Alex Murphy, ou partes dele, quando após um atentado é transferido para dentro do robô dotado de vários dispositivos online, capazes de torna-lo praticamente onipresente quando sai a caça de criminosos, podendo acessar câmeras de segurança de toda a cidade, gerar rotas em mapas e associar suspeitos procurados com seus outros parceiros. Mas é nesse capacidade que também começam a surgir podres dentro da própria corporação à qual o policial se dedica.

Junte-se a isso um apresentador extremista pró-robô que reforça a cada aparição de seu programa, o absurdo de não se utilizar robôs dentro das forças policiais dos Estados Unidos. Com discurso ufanista pesado, ele lança farpas ao congresso e opositores dos robôs, chamando-os até de robofóbicos. Uma farra só.

É um filme de ação, e todas as cenas estão lá, com câmeras se movimentando por longos espaços sem cortes, muito tiro e mortes de mentirinha, já que o Robocop usa mais tasers que bala para imobilizar inimigos. Outro ponto marcante aos saudosistas é a trilha sonora do original que retorna e enche de alegria aos corações dos fãs. Mas que talvez tenha faltado aqui foi carisma. Em nenhum ponto estamos realmente preocupados com o conflito do homem dentro da máquina, que renderia excelentes segmentos. E quando acontecem, são ralos e sem emoção alguma.  O fascínio e alcance da obra original aqui se perdem, ficando somente a tentativa sincera de, pelo menos, não estragar tudo que o original um dia se propôs. O difícil é determinar se, por força do estúdio, Padilha não pode mostrar mais a que veio, já que sabemos bem sua técnica, talento e direções certeiras dos filmes anteriores.

4 de maio de 2014

Especial Parada LGBT: "Praia do Futuro" reflete sem pressa sobre medo e aceitação

(Praia do Futuro) Brasil, Alemanha, 2014
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Salva-vidas da Praia do Futuro, em Fortaleza, passa a questionar seu papel e reais habilidade após uma tragédia com turistas no mar. Ele acaba conhecendo um dos estrangeiros envolvidos no acidente, e entra em um relacionamento que o fará questionar o medo, em inúmeras camadas de sua vida.


Louvemos, amigos pipoqueiros! Karim Ainouz está de volta. O diretor de Céu de Suely (2001), Madame Satã (2002), e roteirista de Cinema, Aspirinas e Urubus (2005) desta vez traz um longa sobre medo, aceitação e fuga. A história começa na terra natal do diretor, Fortaleza, e oferece um discurso sem pressa para acontecer, ainda que os trailers e imagens dêem a ideia de que será algo mais próximo de um filme de ação movimentado.

Em 'Praia do Futuro', Wagner Moura, sensacional, vive Donato, salva-vidas de uma das praias mais perigosas de Fortaleza (sim, já morei lá, a Praia do Futuro de fato é tensa) que passa a sofrer a angústia de, pela primeira vez, não ter conseguido evitar uma tragédia no mar, ao mesmo tempo em que entra em um relacionamento com o alemão Konrad (Clemens Schick), também envolvido no acidente.

Sem aviso, o filme já nos mostra a força com que ambos começam um relacionamento que irá definir os próximos anos da vida do salva-vidas. Tal caminho irá, também, causar o rompimento das relações de Donato com seu irmão Ayrton (vivido pelo garoto Savio Ygor Ramos, carismático como poucos, e Jesuíta Barbosa, na fase adolescente). Logo nas primeiras interações dos dois irmãos em tela, vemos o papel de Donato na vida do garoto, e de como os dois encaram seus medos, enquanto Donato, questiona o irmão sobre a morte, este mostra desde cedo que sua coragem e fidelidade ao mais velho não encontram barreiras. O filme não é panfletário ao mostrar o relacionamento de Donato com Konrad, nem é tímido ao mostrar cenas de sexo gay. Ele se propõe a explorar outras nuances deste relacionamento, o que não significa que o conflito de Donato, que chega a se isolar completamente da família em outro país, não seja também pela inabilidade de aceitar ou lidar com sua homossexualidade. Fato que, no terceiro e último segmento do filme, é questionado pelo irmão mais novo.

O filme pode não agradar a todos os gostos, justamente pelo ritmo e longas pausas, em que o diretor parece deixar na mão do público a tarefa de pensar sobre o ponto de vista das personagens e seus conflitos. Mas é definitivamente uma experiência que vale a pena ter. Além de poder testemunhar novamente a força da atuação Wagner Moura, excelente no filme, e Jesuíta Barbosa, que do início ao fim vai com sangue nos olhos tornando Ayrton, um adolescente com inúmeros conflitos e contas a ajustar, na personagem mais interessante de todo o filme.

O filme estreia em 15 de Maio nos cinemas.

3 de maio de 2014

Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal - Forçação de Barra ao Expandir o Universo do Original

(Paranormal Activity: The Marked Onesl) EUA, 2014
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Trio de amigos do subúrbio de Los Angeles passa a enfrentar forças malignas, que podem estar surgindo a partir da casa vizinha, onde uma suposta bruxa vive escondida de todos. No entanto, ela faz parte da mesma seita de mulheres vista nos filmes anteriores da série.


Atividade Paranormal é uma das minhas séries de terror favoritas. E como a maioria delas, não deveria ter passado do terceiro filme. Este 'Marcados Pelo Mal' inclusive nem se inclui na contagem numérica dos filmes anteriores, ganhando apenas o subtítulo que já mostra ser um tipo de spin-off da série original.

Logo no início, o formando colegial Jesse (Andrew Jacobs) dá um breve discurso sobre a importância de mudanças e novos caminhos. A partir daí já sabemos que as amarras se perderam e tudo que dava liga entre os filmes anteriores se foi. E assim começam os problemas, tanto na vida dos protagonistas, quanto no filme. A começar pela justificativa de introduzir câmeras de mão, algo que, nos filmes anteriores, sempre tem contextos por vezes criativos, como webcams de computadores, circuitos internos de tv, testes de câmeras nos anos 80, aqui vem do nada.

Espírito brother: O 'espírito', 'presença' ou cururu que se apresenta a Jesse, começa suas interações na brodagem. Em uma sequência de cenas bem-humoradas, Jesse mostra ao amigo as proezas que começa a ser capaz de realizar depois de uma noite brincando de invocar o capeta dentro de uma igreja. Troféu joinha pela péssima ideia, das personagens e dos produtores. As cenas lembram versões capengas do genial 'Poder Sem Limites' (Chronicle, 2012). Mas Atividade Paranormal nunca, e eu repito, nunca mostrou o espírito maneirão, sendo sempre assustador desde as primeiras interações, levando a um clima de tensão crescente.

Neste 'Marcados Pelo Mal', quanto mais forte o espírito se torna, mais vamos conhecendo detalhes que ampliam o enredo construído pelos primeiros três filmes. Para evitar spoilers, digamos que após as descobertas deste filme, podemos facilmente esperar uma série de novas histórias com o selo 'Atividade Paranormal' paralelas às que contam a vida das duas irmãs protagonistas anteriores. Assim, o filme se afasta do material em que se baseou para criar uma intriga com alcance global, indo contra o drama doméstico de gente comum lidando com o pior ser sobrenatural que as trevas poderiam brindar uma casa. O problema é que, ao fazer isso, ele também se afasta do seu público, transformando tudo em uma fantasia de grandes proporções, ignorando que o que aterrorizou plateias no filme original era, por vezes, a simplicidade de uma mecha de cabelo se movendo em ambientes fechados (pobre Katie, guerreira).

Claro que a obra ainda se chama  'Atividade Paranormal' por algum bom motivo, e na maior forçada de barra de todas, as duas tramas (deste com o primeiro filme) se unem, numa cena que, mesmo começando errada, agrada de início, até que se torna uma grande vergonha alheia. Isso em menos de dois minutos.

Mas nada tema, querido leitor fã assim como eu, a minha pouca curiosidade e expectativa de -1 para assistir a este filme ainda permitiram bons momentos que, na distância, lembram porque estes filmes são assombrosos. A treva é que são as mesmas cenas prontas para funcionar dos filmes anteriores e até de outros similares, como 'REC' (o espanhol, por favor, não o remake americano 'Quarentena').

Como opção para os pipoqueiros que ficam em casa com os amigos no final de semana, recomendo (já está disponível em DVD e Blu-Ray) mas, ainda assim, uma maratona de 'Atividade Paranormal' 1, 2 e 3 segue sendo mais atraente.



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