Quer Pipoca?: março 2012

19 de março de 2012

Capitães da Areia (2011)

(Capitães da Areia) Brasil, 2011
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Bahia de Todos os Santos, 1950. Um bando de meninos abandonados incomoda a sociedade. São chamados “Capitães da Areia”, porque o cais é o seu quartel general. Pedro Bala, o temido líder dos Capitães da Areia, é caçado como o pior dos bandidos, mas, na verdade não passa de um adolescente livre nas ruas. Ele é o herói de quase uma centena de meninos, que juntos vivem incríveis aventuras: planejam de pequenos furtos a assaltos a ricas mansões, trapaceiam os marujos em mesas de jogatina e jogam olho comprido sobre os fartos decotes das mulatas. Dormem em um trapiche abandonado e vivem em feiras populares e festas de rua, atrás de comida e divertimento. Às vezes explodem, gritam de raiva, perdem a cabeça, mas resistem bravamente aos piores obstáculos. Quando uma epidemia de varíola invade a cidade, os Capitães da Areia se deparam com o conflito da morte, têm que tomar decisões de adulto, decisões impossíveis para a cabeça dessas crianças. Enquanto isso, nos bairros populares, a epidemia destrói famílias, fazendo novos órfãos. Dora, de apenas 13 anos, perdeu pai e mãe, e se vê só nas ruas de Salvador. Mas quis o destino que os Capitães da Areia cruzassem o seu caminho. O bando nunca teve uma figura feminina e a chegada de Dora vem mexer com a vida dos Capitães. Pedro Bala logo se apaixona por ela. Professor, braço direito de Bala, mais tímido e inexperiente, apenas sonha com sua pele macia, com seus seios que despontam, seu jeito de que vai virar mulher a qualquer instante. O triangulo amoroso torna-se inevitável, os três estão mais adolescentes do que nunca, como adolescentes descobrem o amor.
Fonte: Cinema10



CRÍTICA
O lirismo e realidade de Jorge Amado sem direção

Muita expectativa quase sempre gera decepção. E esse, infelizmente é o caso de "Capitães da Areia", adaptação do livro de Jorge Amado que foi dirigido pela neta do autor, Cecília Amado. Assistindo o making of ou o trailer, o filme parece atrativo por se mostrar trazendo a magia do livro homônimo para a tela grande de uma maneira bem estruturada. A empreitada é audaciosa: o elenco principal é formado por não-atores que tem sua história de alguma maneira ligada aos Capitães escritos. Tudo isso é muito poético, mas acaba perdendo o rumo na montagem final. Nem as atuações nem a edição colaboram para um bom resultado.

Ainda que o filme não cause grande impacto, é interessante de se assistir. A trama do trapiche de Pedro Bala, Professor, Dora e dos outros Capitães é o que segura nossos olhos. E isso vem de Jorge Amado, não de sua neta, e mostra uma realidade perturbadora se colocada num âmbito maior: o "jeitinho brasileiro" está presente em cada pedacinho da narrativa e o crime é tratado de forma quase que normal. Os delitos dos Capitães são simplesmente mais uma característica das personagens e não tem nenhum arrependimento moral em suas trajetórias na tela (e no livro). É compreensível que a realidade bruta a qual essas crianças são submetidas levem a isso, mas ainda assim é um tanto quanto perturbador essa inversão de valores. É como o Brasil continuará sendo visto lá fora, pois é assim que é. Infelizmente, o jeitinho brasileiro está  nas entranhas da nossa cultura, e nem sempre da melhor maneira possível. Acaba trazendo um antagonismo, que Cecília quis levar para a tela grande, entre o abandono e a liberdade.

Em alguns quesitos técnicos, o longa se sai bem, como na trilha sonora bem elaborada por Carlinhos Brown e na direção de arte. A miséria é mostrada, mas não é tão suja e explícita como na realidade. Ainda tem o seu quê de poesia. "Capitães da Areia" traz o senso de realidade com os não-atores (que não é novidade no cinema ao buscar a espontaneidade de iniciantes), mas não abandona o lirismo tocante, que podemos ver representado na figura de Dora e em como ela movimenta o trapiche. O trailer e o making of representam bem essa dualidade, é uma pena que eles sejam melhor do que o filme em si.

Cecília Amado poderia ter se saído melhor como diretora de um projeto tão bonito como esse. Talvez um de seus principais erros tenha sido acreditar que "o audiovisual vai além da literatura". O cinema com esses recursos audiovisuais permite aos diretores e produtores viajar para lugares inimagináveis, mas nada vai se comparar à imaginação de cada um. Ela não tem limites, sejam eles de forma, cores, situações, conteúdos e muito menos orçamentários. E a imaginação não precisa ter longos dois minutos de introdução com logotipos de patrocinadores antes de começar a sonhar. Já seu contraponto audiovisual sim.

6 de março de 2012

A Dama de Ferro (2012)

(The Iron Lady) Reino Unido, 2012
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O longa mostrará a história da ex-Primeira Ministra da Inglaterra Margaret Thatcher com a saúde prejudicada lutando contra o marasmo da sua aposentadoria e, vigorosamente, contra memórias de feitos do seu passado. Ela começará a relembrar os menores detalhes da vida pessoal e profissional após ser provocada pelo seu marido, Dennis Thatcher, o que passará pela sua ascensão ao poder da Inglaterra dos anos 1980. Mas teria tudo valido a pena? Essa será a dúvida que conduzirá a narrativa.
Fonte: Cinema10




CRÍTICA
Meryl Streep e a maquiagem superam o enredo de Thatcher

Vencedora do Oscar 2012 de Melhor Atriz. Mais do que merecido. Não é novidade que Meryl Streep é uma atriz sensacional e de uma versatilidade incrível. Consegue causar asco em "O Diabo Veste Prada" e nos afeiçoar em "Julie & Julia" com a mesma propriedade, da maneira que só uma grande atriz pode fazer, sem medo de se entregar às suas personagens. Em "A Dama de Ferro", Streep representa a figura politicamente tão poderosa e conhecida de Thatcher, mas ao mesmo tempo, traz à tona uma jovem obstinada, que se deixou levar por sua ambição (e doses de benevolência) para conduzir uma das maiores potências mundiais por 11 anos, mesmo sabendo que suas medidas eram impopulares e geraram perdas a curto prazo para o povo inglês. Mas os melhores momentos da atriz, ainda são o contraponto dessa loucura política. Suas alucinações com seu falecido marido Denis e suas reflexões sobre seu passado, como uma senhora de saúde debilitada, são os ápices do longa. Um dos momentos mais tocantes (auxiliados, é claro, por iluminação e fotografia) é a conversa pelo telefone com seu filho Mark, no meio da madrugada.

Os apectos técnicos do filme fazem seu papel, mas são totalmente ofuscados pela brilhante maquiagem. Antes de assistir ao filme, pelas poucas cenas que o trailer disponibilizava ou o pôster exibia, era de se duvidar um pouco do merecimento do Oscar de Melhor Maquiagem sobre o maravilhoso trabalho realizado pelo também britânico "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2". Mas logo na primeira cena, fica claro o motivo dessa escolha, há um tempo que o espectador leva até perceber que é Meryl Streep em cena. O trabalho realizado em "A Dama de Ferro" é talvez mais complexo por não poder se permitir entrar no campo fantasioso que duendes e bruxos da literatura têm livre acesso, e por se tratar de uma personalidade mundialmente conhecida, o julgamento é mais crítico ainda. E se a maquiagem convence esses olhos mais críticos, é digna de merecimento. Potter merecia, mas deu azar (novamente) de concorrer com um trabalho ainda mais impecável nesse sentido. Por ser esse o grande trunfo, não foram divulgadas imagens da velhice de Margaret, causando o impacto maior na sala de cinema.

Mas há um outro aspecto técnico que impede a biografia cinematográfica da ex-Primeira Ministra de ganhar a quinta estrela e, infelizmente, é justamente o roteiro. Mesmo com cenas tocantes e emocionantes, a história acaba sem ter passado por um clímax intenso, que funciona no cinema. A todo momento é mostrada uma mulher forte, intensa, mas ao mesmo tempo contida. Há uma única cena que aponta o pulso de ferro da dama britânica, que leva ao seu declínio, mas ela aparece de repente, sem um desenvolvimento emocional prévio da protagonista. Essa característica está sempre lá, presente, latente, mas não vai tomando conta da tela aos poucos. Chega abruptamente e quando o espectador começa a entender o que está acontecendo, o momento já passou.

Apesar de sempre controversa, dessa vez a Academia acertou, pelo menos em relação às duas indicações para "A Dama de Ferro". Meryl streep e sua caracterização realmente prendem nossa atenção por mais tempo do que o desenrolar um tanto quanto morno da trama. A surpresa vem justamente por esse acerto. Filmes mornos mas que tem background histórico e certa grandiosidade na maneira como as cenas são conduzidas costumam agradar o júri tedioso da Academia. A forma, nesse caso, foi mais importante do que o conteúdo. A trilha sonora de Clint Mansell e Thomas Newman nos conduz pela trajetória de Thatcher da maneira majestosa que a biografia da mulher mais poderosa do século XX (assim como a divulgação estampa) exige.

Um destaque especial precisa ser dado à personagem Denis Thatcher, que ganhou uma vida (e morte) deliciosa de se assistir na pele de Harry Lloyd (em sua versão jovem) e Jim Broadbent. Ambos trazem senso de humor, leveza e ternura em doses homeopáticas à sua esposa em sua árdua tarefa.

Mas essa não é a história da ex-Primeira Ministra britânica. É a história de uma mulher intrigante e corajosa que luta por seus ideiais, seja a que custo for.


4 de março de 2012

A Isca (2000)

(Bait) Estados Unidos, 2000
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AIvin Dean Sanders não entende. Ele não sabe porque sua convicção para o roubo não alcança o sucesso como gostaria. Ou porque US$ 11,500 são colocados ao alcance dele. Alvin não sabe que ele é a isca em um plano do governo para capturar um assassino. Mas ele está começando a suspeitar. Jamie Foxx (Um Domingo Qualquer) atua como Alvin nesse filme de muita risada, com atos heróicos, numa comédia de ação de alta tecnologia dirigida por Antoine Fuqua (Assassinos por Natureza) e também estrelando David Morse e Doug Hutchison (À Espera de um Milagre), Kimberly Elise (Até as Últimas Consequências) e Jamie Kennedy (da trilogia Pânico). O estilo é empolgante, a ação é quente, o humor é louco como Foxx. A Isca uma brincadeira com os amantes da pesca. Só poderia agarrá-los.
Fonte: NetMovies



1 de março de 2012

Harry Potter e a Câmara Secreta (2002)

(Harry Potter and the Chamber of Secrets) Reino Unido/Estados Unidos, 2002
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De férias na casa de seus tios Dursley, Harry Potter (Daniel Radcliffe) recebe a inesperada visita de Dobby, um elfo doméstico, que veio avisá-lo para não retornar à Escola de Magia de Hogwarts, pois lá correrá um grande perigo. Harry não lhe dá ouvidos e decide retornar aos estudos, enfrentando um 2º ano recheado de novidades. Uma delas é a contratação do novo Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Gilderoy Lockhart (Kenneth Branagh), que é considerado um grande galã e não perde uma oportunidade de fazer marketing pessoal. Porém, o aviso de Dobby se confirma e logo toda Hogwarts está envolvida em um mistério que resulta no aparecimento de alunos petrificados.
Fonte: Adoro Cinema




CRÍTICA
Um adeus ao bom Dumbledore

Um retorno à casa dos Dursleys traz a Harry Potter (Daniel Radcliffe) um aviso através de um elfo doméstico feio, dócil e atrapalhado chamado Dobby. E assim começa a segunda aventura do garoto bruxo que liderou bilheterias por uma década. Nesse segundo volume da saga, o clima mais sombrio começa a se aproximar, trazendo uma ideia do que vem pela frente nos próximos filmes, mas ainda assim mantém a atmosfera mágica que Chris Columbus trouxe às telas em "A Pedra Filosofal", abusando das cores e do contraste forte. São esses elementos que ainda mantém a identidade infantil do início da série, pois o enredo já começa a ficar um pouco mais sombrio.

É em "Câmara Secreta" que J.K. Rowling começou a mostrar seu brilhantismo ao revelar pontos essenciais do enredo que só seriam percebidos em livros futuros. Essa segunda parte, por exemplo, tem uma ligação bem forte com a sexta, "Enigma do Príncipe", ao explorar superficialmente o passado escolar de Lord Voldemort (ou Tom Riddle). A adaptação para o cinema, obviamente tem suas limitações em relação à publicação, visto que a trama é mais complexa e os primeiros filmes tinham o compromisso de se firmarem como filmes infantis (foram tão bem sucedidos que depois tiveram dificuldades em descolar essa imagem para emplacar uma aventura adulta).

Algumas atuações brilhantes ficam ainda por conta do elenco adulto. Richard Harris é o perfeito Dumbledore, acertando o tom para voz, postura, olhares e excentricidades do diretor de Hogwarts (coisa que na minha opinião não foi carregada para as partes seguintes pelo terrível Michael Gambon, após a morte de Harris). Outro que acerta o ponto é Robbie Coltrane na pele do meio-gigante Hagrid. Essas duas personagens, tão importantes na jornada de Harry, não deixam falhas até aqui. Outra que parece bem confortável em cena é Miriam Margolyes como a professora de Herbologia Pomona Sprout.

Já as crianças, não surpreendem (a não ser por relances de Emma Watson como Hermione Granger) e os adultos tem uma interpretação um tanto caricata, explícita nas cenas de Molly e Arthur Weasley (Julie Walters e Mark Williams) ou da família Dursley (Richard Griffiths e Fiona Shaw). Nem mesmo Maggie Smith (Minerva McGonagall) ou Alan Rickman (Severus Snape) se destacam.

Os efeitos especiais ficam balanceados entre alguns muito artificiais (carro voador chegando em Hogwarts) e outros muito bem feitos, como toda a construção de Dobby, que é um personagem à parte. Além de detalhadamente texturizado (muito melhor do que sua versão opaca de Relíquias da Morte - Parte 1), o elfo ganha um brilho especial com a voz de Toby Jones. É uma pena que ele seja tão pouco presente nos filmes quanto é nos livros. Seria diversão garantida.

Os cenários abusam de corredores do castelo, em sua maioria filmados em Oxford, na Inglaterra, e traz como destaque a própria Câmara Secreta, que ambienta o clímax da história tão bem que foi utilizada em outro momento importante, na última parte da saga. O interessante nos filmes de Harry Potter é que todo o cenário (e objetos de cena) são concebidos em extremo detalhamento, tendo preocupação com cada item que o compõe, mesmo que não apareça claramente no vídeo. Esse preciosismo ajuda bastante na ambientação das cenas. E isso fica claro na sala de aula da professora McGonagall e na primeira visita à Toca, casa de Rony Weasley (Rupert Grint). E por falar no ruivo do trio infantil, os impactos mais cômicos do filme ficam por sua conta, auxiliados mais pela edição do que por sua atuação.

O roteiro não deixa muitas pontas soltas e mesmo estando dentro de uma série cinematográfica, é um filme que fala por si só. Isso é algo que funciona bem, também comercialmente. Ainda assim, falta um pouco de apelo. Ou seja, Chris Columbus fez um bom trabalho, mas Harry Potter ganhou vida depois que ele deixou a direção da série.


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