(300 - Rise of an Empire) EUA, 2014
General grego Themistokles lidera seu exército contra a invasão Persa liderada por Xerxes e Artemisia, vingativa comandante da marinha Persa.
E eis que o raio não caiu duas vezes no mesmo lugar. E tínhamos aqui tudo a favor: parte do elenco sobrevivente de volta, efeitos alinhados com a estética do filme anterior e abertura para novas e empolgantes cenas de batalhas. Tudo pronto, mas faltou liga, carisma e sobrou muito sangue mal feito, que mais parece uma geleia, toda vez que jorra na tela.
Na sequência do espetacular filme de 2006, conhecemos o general Themistokles (Sullivan Stapleton), que durante uma batalha travada metade na terra, metade no mar, consegue matar o Rei Dario (Igal Naor), pai de Xerxes (Rodrigo Santoro). Levado pela jovem Artemísia (Eva Green), o jovem príncipe se expõe à inúmeras maldições que o elevam ao patamar de um verdadeiro Deus. Conhecer o passado de Xerxes até aumentava o interesse por este '300', porém tudo cai por terra quando pouco ou nada de interessante é tirado da história do homem-que-virou-deus. Rodrigo Santoro retorna ao famoso papel, porém pouco tem a fazer em cena, e entra sem nada a acrescentar e sai sem muito feito. Incrível imaginar que até o vilão, fascinante em sua concepção visual, neste segundo filme é tão desinteressante quanto qualquer coisa que se vê em cena.
O diretor Noam Murro se esforça, com a tutela de Zack Snyder, diretor do filme anterior, imprime na tela cenas riquíssimas em detalhes, mas tanta plasticidade perfeita também se torna o fraco do filme. O tempo todo há grãos de poeira pairando em cena, câmeras lentas variando entre cenas de ação ou em, bem, qualquer outra cena do filme, atrapalham o que o primeiro '300' conquistou com esmero: uma transição dos quadrinhos para o cinema de forma brilhante e com personalidade.
Aqui, uma batalha sem motivo se liga à próxima sem razão, em que aparentemente o desafio era tentar mostrar como conseguirão filmar uma guerra em alto-mar de forma crível e emocionante. O que sobra, no entanto, são belas e estrondosas batalhas vazias de sentido ou conflito que justifique tantas repetições. Themistokles só não segue mais deslocado do que todo o exército que comenda, formado de todos os estereótipos tradicionais: o filho que se esconde no meio do batalhão para cumprir a promessa feita ao pai, o guerreiro experiente que profere frases poéticas nas vésperas das lutas, o brucutu psicopata com sede de sangue e por aí vai.
E é nas lutas que temos a coroação da falta de ousadia e desinteresse absoluto pela trama. Artemísia, em uma interpretação cansadíssima de Eva Green, procura ser a vilã tradicional e bitch que puder, mas aparentemente só consegue trocar de fantasia, couro sobre couro decorado com couro, e olhar feio para seu exército, automaticamente condenado a morrer ou pela espada ou pela falta de humor de sua general. Xerxes acompanha tudo de longe e quase vira um cachorrinho nas mãos de Artemísia. Themistokles procura, no máximo, criar alianças com o Espartanos em momentos raros de bons diálogos com a viúva de Leônidas (Gerard Butler), a Rainha Gorgo (Lena Headey), única personagem que dá alguma dignidade à coisa toda. Quando as batalhas acontecem, e acredite, não há mais de 15 minutos de filme sem uma, sobra excesso, temos menos gore e cenas de impacto real, e muitos truques de fotografia e câmera, que fazem parecer que o filme inteiro foi feito com filtros e efeitos de Instagram.
Assista por conta, queridos pipoqueiros, porque neste '300' não teremos as inovações, impacto, surpresas ou novas e célebres frases que serão adotadas como a inesquecível "This is Sparta!", ficando somente a pressa para acabar tudo logo e o saudosismo do incrível filme anterior. Passe sem esse. Tá tranquilo.
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