Quer Pipoca?: A Dama de Ferro (2012)

6 de março de 2012

A Dama de Ferro (2012)

(The Iron Lady) Reino Unido, 2012
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O longa mostrará a história da ex-Primeira Ministra da Inglaterra Margaret Thatcher com a saúde prejudicada lutando contra o marasmo da sua aposentadoria e, vigorosamente, contra memórias de feitos do seu passado. Ela começará a relembrar os menores detalhes da vida pessoal e profissional após ser provocada pelo seu marido, Dennis Thatcher, o que passará pela sua ascensão ao poder da Inglaterra dos anos 1980. Mas teria tudo valido a pena? Essa será a dúvida que conduzirá a narrativa.
Fonte: Cinema10




CRÍTICA
Meryl Streep e a maquiagem superam o enredo de Thatcher

Vencedora do Oscar 2012 de Melhor Atriz. Mais do que merecido. Não é novidade que Meryl Streep é uma atriz sensacional e de uma versatilidade incrível. Consegue causar asco em "O Diabo Veste Prada" e nos afeiçoar em "Julie & Julia" com a mesma propriedade, da maneira que só uma grande atriz pode fazer, sem medo de se entregar às suas personagens. Em "A Dama de Ferro", Streep representa a figura politicamente tão poderosa e conhecida de Thatcher, mas ao mesmo tempo, traz à tona uma jovem obstinada, que se deixou levar por sua ambição (e doses de benevolência) para conduzir uma das maiores potências mundiais por 11 anos, mesmo sabendo que suas medidas eram impopulares e geraram perdas a curto prazo para o povo inglês. Mas os melhores momentos da atriz, ainda são o contraponto dessa loucura política. Suas alucinações com seu falecido marido Denis e suas reflexões sobre seu passado, como uma senhora de saúde debilitada, são os ápices do longa. Um dos momentos mais tocantes (auxiliados, é claro, por iluminação e fotografia) é a conversa pelo telefone com seu filho Mark, no meio da madrugada.

Os apectos técnicos do filme fazem seu papel, mas são totalmente ofuscados pela brilhante maquiagem. Antes de assistir ao filme, pelas poucas cenas que o trailer disponibilizava ou o pôster exibia, era de se duvidar um pouco do merecimento do Oscar de Melhor Maquiagem sobre o maravilhoso trabalho realizado pelo também britânico "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2". Mas logo na primeira cena, fica claro o motivo dessa escolha, há um tempo que o espectador leva até perceber que é Meryl Streep em cena. O trabalho realizado em "A Dama de Ferro" é talvez mais complexo por não poder se permitir entrar no campo fantasioso que duendes e bruxos da literatura têm livre acesso, e por se tratar de uma personalidade mundialmente conhecida, o julgamento é mais crítico ainda. E se a maquiagem convence esses olhos mais críticos, é digna de merecimento. Potter merecia, mas deu azar (novamente) de concorrer com um trabalho ainda mais impecável nesse sentido. Por ser esse o grande trunfo, não foram divulgadas imagens da velhice de Margaret, causando o impacto maior na sala de cinema.

Mas há um outro aspecto técnico que impede a biografia cinematográfica da ex-Primeira Ministra de ganhar a quinta estrela e, infelizmente, é justamente o roteiro. Mesmo com cenas tocantes e emocionantes, a história acaba sem ter passado por um clímax intenso, que funciona no cinema. A todo momento é mostrada uma mulher forte, intensa, mas ao mesmo tempo contida. Há uma única cena que aponta o pulso de ferro da dama britânica, que leva ao seu declínio, mas ela aparece de repente, sem um desenvolvimento emocional prévio da protagonista. Essa característica está sempre lá, presente, latente, mas não vai tomando conta da tela aos poucos. Chega abruptamente e quando o espectador começa a entender o que está acontecendo, o momento já passou.

Apesar de sempre controversa, dessa vez a Academia acertou, pelo menos em relação às duas indicações para "A Dama de Ferro". Meryl streep e sua caracterização realmente prendem nossa atenção por mais tempo do que o desenrolar um tanto quanto morno da trama. A surpresa vem justamente por esse acerto. Filmes mornos mas que tem background histórico e certa grandiosidade na maneira como as cenas são conduzidas costumam agradar o júri tedioso da Academia. A forma, nesse caso, foi mais importante do que o conteúdo. A trilha sonora de Clint Mansell e Thomas Newman nos conduz pela trajetória de Thatcher da maneira majestosa que a biografia da mulher mais poderosa do século XX (assim como a divulgação estampa) exige.

Um destaque especial precisa ser dado à personagem Denis Thatcher, que ganhou uma vida (e morte) deliciosa de se assistir na pele de Harry Lloyd (em sua versão jovem) e Jim Broadbent. Ambos trazem senso de humor, leveza e ternura em doses homeopáticas à sua esposa em sua árdua tarefa.

Mas essa não é a história da ex-Primeira Ministra britânica. É a história de uma mulher intrigante e corajosa que luta por seus ideiais, seja a que custo for.
































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