Quer Pipoca?: Especial Parada LGBT: "Praia do Futuro" reflete sem pressa sobre medo e aceitação

4 de maio de 2014

Especial Parada LGBT: "Praia do Futuro" reflete sem pressa sobre medo e aceitação

(Praia do Futuro) Brasil, Alemanha, 2014
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Salva-vidas da Praia do Futuro, em Fortaleza, passa a questionar seu papel e reais habilidade após uma tragédia com turistas no mar. Ele acaba conhecendo um dos estrangeiros envolvidos no acidente, e entra em um relacionamento que o fará questionar o medo, em inúmeras camadas de sua vida.


Louvemos, amigos pipoqueiros! Karim Ainouz está de volta. O diretor de Céu de Suely (2001), Madame Satã (2002), e roteirista de Cinema, Aspirinas e Urubus (2005) desta vez traz um longa sobre medo, aceitação e fuga. A história começa na terra natal do diretor, Fortaleza, e oferece um discurso sem pressa para acontecer, ainda que os trailers e imagens dêem a ideia de que será algo mais próximo de um filme de ação movimentado.

Em 'Praia do Futuro', Wagner Moura, sensacional, vive Donato, salva-vidas de uma das praias mais perigosas de Fortaleza (sim, já morei lá, a Praia do Futuro de fato é tensa) que passa a sofrer a angústia de, pela primeira vez, não ter conseguido evitar uma tragédia no mar, ao mesmo tempo em que entra em um relacionamento com o alemão Konrad (Clemens Schick), também envolvido no acidente.

Sem aviso, o filme já nos mostra a força com que ambos começam um relacionamento que irá definir os próximos anos da vida do salva-vidas. Tal caminho irá, também, causar o rompimento das relações de Donato com seu irmão Ayrton (vivido pelo garoto Savio Ygor Ramos, carismático como poucos, e Jesuíta Barbosa, na fase adolescente). Logo nas primeiras interações dos dois irmãos em tela, vemos o papel de Donato na vida do garoto, e de como os dois encaram seus medos, enquanto Donato, questiona o irmão sobre a morte, este mostra desde cedo que sua coragem e fidelidade ao mais velho não encontram barreiras. O filme não é panfletário ao mostrar o relacionamento de Donato com Konrad, nem é tímido ao mostrar cenas de sexo gay. Ele se propõe a explorar outras nuances deste relacionamento, o que não significa que o conflito de Donato, que chega a se isolar completamente da família em outro país, não seja também pela inabilidade de aceitar ou lidar com sua homossexualidade. Fato que, no terceiro e último segmento do filme, é questionado pelo irmão mais novo.

O filme pode não agradar a todos os gostos, justamente pelo ritmo e longas pausas, em que o diretor parece deixar na mão do público a tarefa de pensar sobre o ponto de vista das personagens e seus conflitos. Mas é definitivamente uma experiência que vale a pena ter. Além de poder testemunhar novamente a força da atuação Wagner Moura, excelente no filme, e Jesuíta Barbosa, que do início ao fim vai com sangue nos olhos tornando Ayrton, um adolescente com inúmeros conflitos e contas a ajustar, na personagem mais interessante de todo o filme.

O filme estreia em 15 de Maio nos cinemas.






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