Quer Pipoca?: X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido. O Filme Que X-Men Merecia

25 de maio de 2014

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido. O Filme Que X-Men Merecia

(X-Men: Days of Future Past) EUA, 2014


Uma guerra contra mutantes e humanos faz com que os X-Men do presente e do passado se cruzem para tentar mudar a história, e a origem, do pesadelo da perseguição e matança dos mutantes.



Quando o primeiro filme de X-Men chegou aos cinemas em 2000, Bryan Singer só tinha problemas nas mãos: críticas dos fãs por conta de um depoimento em que disse nunca ter lido X-Men, pelas escolhas das fantasias dos heróis (pretas ao invés dos colants amarelos dos quadrinhos), tinha pouco dinheiro na mão, tinha a desconfiança do estúdio em uma época que filmes de super-heróis não eram lá muito bem vistos em se tratando de rentabilidade e acabou tendo que tirar leite de pedra para provar que uma boa história de herói caberia num orçamento enxuto. 14 anos depois chegamos ao 7º filme da série dos mutantes e a certeza de que esse retorno é mais que bem vindo, sendo essa uma das mais consistentes já criadas para o cinema.

Baseado no arco 'Dias de um Futuro Esquecido' lançado em 1981 nos quadrinhos, o filme explora uma das mais surpreendentes histórias dos mutantes. Dando um salto em um futuro não definido, encontramos os heróis às voltas de um verdadeiro apocalipse mundial, em que humanos e mutantes são caçados e massacrados em campos em campos de concentração. O futuro sombrio no entanto tem origem nos anos 70 e é para lá que Wolverine (Hugh Jackman) é enviado, em uma tentativa final de alterar o rumo dos acontecimentos que levaram à guerra e destruição atuais. A beleza de tudo é ver que essas mudanças acompanham a transição de uma mutante, Mística (Jennifer Lawrence), de fugitiva e assustada, em uma assassina das mais perigosas.

Diferente dos acontecimentos da história, aparentemente feitos para dar tão, mas tão errado para os heróis, o filme é simplesmente incrível. O que antes já era uma das melhores habilidades de Synger, ao manter coeso um enredo que dá espaço para 10 ou mais personagens se desenvolverem e terem boa presença de tela, aqui alcança um novo patamar, ao contar não só a história de dezenas de mutantes, mas fazê-lo indo e voltando no tempo sem furos. De volta à sua estética anterior, Synger resgata a bela trilha dos primeiros dois filmes, a abertura épica e retorna, ainda que com menos profundidade, ao tema da tolerância às diferenças e do conflito dos heróis que devem proteger aqueles que os temem. Junte-se a isso, novas cenas absolutamente criativas de ação. Em uma das mais impressionantes, Mercúrio (Evan Peters) derruba meia dúzia de policiais, desvia balas, salva os X-Men, ao som de Time in a Bottle, de Jim Corce, e nos lembra onde Synger pode chegar numa única e brilhante cena, que lembra a espetacular invasão de Noturno à Casa Branca em X2. Além da ação, temos novos diálogos afiadíssimos, atenção para a cena entre o Professor X do passado e presente: uma breve aula de como resgatar um líder quebrado (física e mentalmente) do limbo irresponsável em que se afundou. Resumindo: do caralho!

O filme ainda chega em um momento oportuno em que vemos aquecido, em labaredas eu diria, o discurso de igualdade de direitos, liberdade e segurança daqueles que nasceram diferentes do dito 'padrão social' imposto. Diversa em inúmeras camadas, a obra tem desde seu diretor ao elenco, com Ellen Page (Kitty Pryde, com grande destaque no filme) e Sir Ian McKellen (Magneto), homossexuais assumidos, passando pelo papel das super corporações e avanços científicos no futuro da humanidade e, até mesmo, vício pesado em drogas. Levanta, por fim, um alerta sobre em que ponto as ações tomadas hoje (ou no passado e que já não têm mais volta) na esfera política e científica, já definiram o futuro de nossas vidas, e planta uma pulga na orelha, fazendo refletir até mesmo nosso papel nessas mudanças.

Temos aqui, querido pipoqueiro, o filme que X-Men merecia, talvez não o melhor de todos da série (X2 segue sendo meu favorito), mas sem dúvida um retorno à excelência que só um filme dos X-Men alcança (high five Bryan). Portanto, trate de ver essa obra, seja pela aventura e toda a ação, pelo elenco (diga-se de passagem, talvez o melhor que eu ví em anos) ou pela história, mas vai ser impossível não sair surpreso de 'Dias de Um Futuro Esquecido'. E fique até o final dos créditos, temos uma prévia do que esperar do próximo filme dos mutantes: X-Men: Apocalypse!













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